Confissões

Houve uma época em que eu me sentia ao lado dEle; outra em que eu era o próprio (que audácia!) ou, no mínimo, o menino de seus olhos; aquele que corre pelos campos mais verdes dessa terra árida sem reclamar da vida ou da sorte só para ter um sorriso doce do Seu olhar. De mim Ele se orgulhava e cuidava, qual criancinha daquelas bem lindas, queridas por dentro e por fora... é verdade!

Houve um período de distanciamento entre nós, não por minha causa, mas por Ele, que andava muito ocupado com esses homens que só pensam em fazer guerra e humilhar a humildade. Mas quando trocávamos figurinhas e bolinhas de gude, eu era só alegria.

Devo confessar que nem tudo são flores ou festas, houve um tempo de prepotência de minha parte, quando pensei que já era grande, que podia tudo, que sabia de tudo, mas, depois, descobri que não era nada de nada. Fiquei envergonhado.

O que pensar de mim? Se ora me afasto, se ora me chego e abraço, se ora sinto-me humano e pequeno, se ora grande o suficiente para até duvidar de sua existência?

Que Deus é este que me deixa pensar assim? Sinto que me sorri com ternura, me dá colo, um pouco de sorte e felicidade. Isso quando não me dá pão e água. Que Deus é esse que suporta minha empáfia e continua cuidando de mim?

Hoje preciso de proteção, estou com uma necessidade inquietante de agradecer por Ele me escutar e por poder questionar qualquer coisa. É como se Deus fosse uma cigana que nunca erra o que canta, assim ofereço minhas mãos à palmatória do mundo. O que estou buscando? Deus é tão real e palpável. Será o futuro? O futuro não é...

Gosto da minha relação com Ele, no mínimo ela me ensina a ter paciência, olhar as coisas com bom humor e ter muita, muita tolerância e ternura...

Agora estou mais sereno, posso até chorar em seus braços. Coisa engraçada! Sinto uma sensação diferente, um sorriso de ternura, um afago gostoso dentro do peito... sinto-me meio nu...

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 11/05/2007
Reeditado em 07/10/2017
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