O que aprendemos? O que ensinamos? O que fabricamos?
O que aprendemos? O que ensinamos? O que fabricamos?
É preciso de entender o que denominamos juventude. Alguns responderão que é ter pouca idade; outros que não se chegou à madureza da vida; que a irresponsabilidade é o seu adjetivo principal. Percebe-se, claramente, o jovem visto de forma menoscabada e sem respaldo, ainda, para encarar o mundo. A juventude é desacreditada e o homem de amanhã é o resultado do olho de uma sociedade erguida com vieses de conceito. O novo sempre vem; todavia já é velho e sem crédito.
Nota-se uma juventude analisada com os olhos rasos do adulto e escrita de maneira estereotipada e com problemas vistos de um determinado tempo – o tempo do adulto.
E qual é a identidade de um jovem? A resposta está nas regras e ordens estabelecidas. Uma série de “não” e um leque de opções é ofertado para erguer o adulto de amanhã. A identidade é fabricada em construções sociais, em acordos intrínsecos entre o agora e o amanhã.
A juventude ergue seus ideais em um mundo construído com violência e desordem. Os muros da família não garantem segurança e a escola, local de fábrica de soldados, escrevem o conteúdo, com validade ultrapassada, na “tabula rasa” desse a-luno – ser sem luz.
O livre e o liberto caminham na mesma semântica e uma mixórdia organiza a bula do homem de amanhã. A violência da vida e o submundo da existência aproximam a juventude do caos e da bancarrota da sociedade. A luta para entrar no mercado de trabalho – o primeiro emprego – aponta para o preconceito com o sonho novo. A carteira de trabalho, sem o carimbo do mercado, passa a ser um obstáculo para quem quer fazer parte de uma sociedade com vícios e forte segregação.
A escola seria o futuro, porém, ela é mais uma instituição de sequestro, onde realidade e aprendizagem não são sinônimos. A educação apresenta métodos de outrora para um tempo de amanhã. A escola é do século XIX, o professor do século XX e o aluno do século XXI e uma liça entre todos faz com que a educação se torne apenas um rascunho e um borrão.
O professor continua sendo um capataz em sala de aula, um patrão, alguém que domina tempo e espaço, mas não consegue entender o novo jovem construído. O professor e o aluno não entendem a escola e a escola faz com que professor e aluno se tornem ALGO E ALGUÉM.
Entender a complexidade da educação teorizando e fabricando pedagogias para responder o abismo que foi cavado pelo conflito de épocas, apenas resultará em teses adornadas e cheias de ideias que embelezarão somente o papel e a estante de doutores de escrivaninha. O cansaço do professor, os entulhos da escola, o desestímulo do aluno, tudo isso não encontrará respostas no teclado de uma pesquisa sem o suor da realidade.
É preciso escrever em caixa alta uma nova educação, não um novo modelo. Que ela abarque e organize em um mesmo conjunto, sociedade e realidade, que concatene ideias de mundo e vida, que encurte distâncias entre aluno e professor e que as paredes não sejam grades para docilizar o homem de amanhã.
Mário Paternostro