FOLHAS DE OUTONO
FOLHAS DE OUTONO
Sabia que o tempo de mocidade já havia passado, e os cabelos nevados refletia o seu estado de espírito. Sentia o peso de a idade chegar rapidamente, sem impressionar e sem deixar qualquer dúvida.
Seus passos, agora vacilantes, já não sabiam aonde levá-lo. Estava inseguro e não mais pensava como sendo o dono do mundo. Olhava na folhinha na parede e se desesperava cada vez mais. Desceu as escadas e saiu à rua. O frio entrava pela camisa de flanela deixando-o cada vez mais gelado. Se pudesse voltar no tempo...
Passou perto do casarão e um frio na espinha tomou conta dele. Aquele casarão lhe trazia tristes recordações. “Por onde andarão todos? Partiram sem mim? Não fariam isso!” Porque então não respondem ao seu chamado?
O outono estava chegando ao fim e já dava sinais de que o inverno será mais intenso.
Voltando ao prédio, entrou no seu apartamento e sentou-se na poltrona perto da janela, e viu que as folhas das árvores começavam a cair. Suspirou fundo e teve a sensação que estava partindo.
Eram as últimas folhas de outono a cair.
Então se sentiu livre de todas as dores, cansaços, sofrimentos. Um novo mundo abria-se a sua frente, e já queria, rapidamente, explorá-lo.
Estava feliz e queria sentir-se sempre assim. Eternamente.