E SE EU DISSER QUE TENHO?
Estávamos ainda nos recuperando da viagem de férias, depois de muita praia e curtição, o corpo ainda estava pedindo cama, para que conseguisse se recompor e seguir o mais novo ano com o espirito renovado. Resolvemos nos encontrar casualmente para que possamos rir das peculiaridades que a viagem proporcionou, foram momentos de extrema descontração, parecia até que eu era outro, estava restaurado, me sentindo uma espécie no seu habitat natural. Tudo parecia mágico, e era. Como eu planejara. Consegui extrair na proporção dos meus desejos aquilo que era fundamental para mim no momento.
Esta viagem em especial me proporcionou algo muito diferente de qualquer sensação que eu tinha sentido antes. Cada fogo de artificio era um despertar para a realidade. O clima era de festa e a sensação era de que algo de diferente neste novo ano que se inicia iria acontecer. Pude colocar meus pés na areia, senti-lo frio e aconchegante - sempre paro um pouco para refletir de forma nostálgica os caminhos por mim trilhados. Diferentemente das outras vezes, essa não houve choro (que com frequência ocorreu mesmo sem ter uma causa justificável, talvez uma angustia infundada). Eu consegui só aproveitar euforicamente a efêmera sensação de viver.
Conseguimos rever tudo isso, em uma noite comum de um dia qualquer, e como ocorreu em outras situações pudemos adentrar em temas mais profundos e tão íntimos que fica até difícil de verbalizamos para nós mesmo no espelho. Mas fomos ousados e conseguimos falar um para o outro o que tínhamos a dizer, mesmo que ao ouvirmos tentávamos sufocar nossa própria voz para que não conseguíssemos nos "traumatizar".
Realmente houve um desejo mutuo de ter uma arma e destruirmos todos os vestígios do que foi falado no momento, mas, a destruição é nosso próprio aniquilamento!. Tudo foi muito intenso. Inicialmente a idealização foi ofuscada pelo medo do incerto. Escrevemos uma nova historia (mas infelizmente em cima de uma pagina que não estava em branco) conseguimos investir expectativas e projeções futuras de dias de glória...
Sua voz me falava de forma impaciente e aterrorizante o que eu não queria ouvir por não conseguir suportar - mas, suportei!. A pergunta mais difícil que estava encravada na minha garganta não conseguia ficar mais calada e abafada, precisava sair, exteriorizar. E sua reposta veio com um olhar tímido e cheio de sofrimento. "E se eu dizer que tenho?", você me disse. Hoje consigo perceber a força que essa resposta me trouxe. Ela veio e deixou o meu coração apertado, uma sensação desagradável do meu sangue em chamas correndo em minhas veias, e uma vertigem ameaçadora do equilíbrio que me fez levantar para tomar um pouco de agua e tentar oxigenar meu cérebro.
Tudo pareceu tão difícil e meus dias já não era mais o mesmo. "E se eu disser que tenho?" como eu poderia tirar de minha cabeça uma palavra com tanta intensidade e significado para ti?. Ela possui um sentido imenso que não tenho como decifrá-lo. Tudo parecia inconstante e ameaçador. Sentia-me cansado por tentar dar-te comida e estavas de barriga cheia. Meu equilíbrio foi comprometido. Mas, hoje encontro-me incólume e restaurado-pelo menos por enquanto!
Tento então preservar as imagens que foram construídas em dias de alegrias e descontração. Incólume hoje estou, sem sufocar-me com tua resposta e escolhas incertas que a vida exigiu. Mais como sabemos a cada acordar há um risco!. Sendo assim, respiremos fundo e escreveremos algo novo, agora, em uma folha em branco. "E se eu disser que eu tenho?" será o titulo que ficará no topo da página, para que todas saibam que agora eu também tenho... tenho um desejo muito grande por renovação, assim como tenho responsabilidade e consciência de minhas escolhas e também tenho um pedido; para que essas palavras não soem para mim como uma sensação desagradável que me tire do eixo!
ELAN LIMA EM 17 DE ABRIL DE 2014