Não adianta mais baderna
Eu fui contra a Copa do Mundo no Brasil e, sinceramente, ainda sou, porque acho um absurdo gastar dinheiro com um evento esportivo quando há tantas coisas mais urgentes necessitando de atenção por parte das autoridades. Mas, reflitamos bem: de que adianta, com a Copa tão perto de começar, fazer vandalismo e baderna? Isso vai melhorar alguma coisa? Não, não vai. Primeiro, não vai fazer com que o Governo e os outros que se beneficiarão com os jogos aqui mudem de ideia e desistam de promover os jogos aqui. Segundo, agindo-se com estupidez, ninguém nos levará a sério.
Os que se manifestaram contra a Copa estão mais do que certos em manifestar sua indignação, mas é necessário que se proteste da maneira certa, sem tentar chamar a atenção no grito. Depredando, fazendo barulho e entrando em conflito com a polícia, a situação do Brasil só tenderá a piorar e, ainda por cima, com um monte de gente estrangeira vendo tudo. E isso virará notícia internacional, fazendo com que fiquemos conhecidos como uma nação de gente mal-educada e baderneira. É o que queremos que pensem de nós? Ou não queremos que pensem que somos um povo indignado, que quer que os governantes, antes de qualquer Copa ou Olimpíada, atenda às nossas reivindicações por mais saúde, educação e segurança?
Poderíamos, agora que está tudo preparado para receber o povo de fora que vem assistir aos jogos, limitarmo-nos a fazer um protesto silencioso. Que tal se, simplesmente, não boicotássemos as partidas, não indo aos estádios e não ligando as televisões para mostrar que não é porque a presidente está sediando a Copa que nós, brasileiros, concordamos com ela? Alguém não lembra de quando Martin Luther King resolveu que, já que os negros eram segregados nos ônibus, não os usariam, porque era melhor andar a pé com dignidade do que ser humilhado nos transportes públicos?