Alegria de viver e ser feliz como se é e não como se gostaria de ser.
De tantos e tantos gestos maravilhosos, um em especial tocou profundamente meu ser; coisa simples dirás, porém sua essência tocou fundo minh’alma. Posso tudo em minha existência esquecer, mas aquele gesto ficou para sempre enraizado em minha vida. Verdade já se passou muitos anos, mas quando me recordo volto a viver e sentir o de outrora e muito embora o tempo não volte, as emoções têm esse poder.
Estava numa cama recém operado de uma extensa cirurgia – tudo em volta embora fosse antigo, a mim soava como novo. Um médico (que depois vim saber pela voz ser o meu) se aproximou e numa espécie de sopro de vida, disse baixinho em meu ouvido com palavras em tom meigo: “você já foi operado”.
De agora para frente à vida seria diferente? Quanta coisa perdida no tempo, quantos eventos fui forçado deixar para trás, mas agora, de vida reconstituída, como seria esse novo despertar? Uma incógnita, mas para quem já viveu um recomeço soa como começar a viver tendo deixado parte da historia, minha historia, para trás.
Muitas coisas mudaram – reformei casa, refiz a edícula nos fundos dando a ela um ar de novo; muito embora fosse nova (sem uso algum durante décadas) estava esquecida feito eu vivendo no canto escuro de uma casa -meu quarto. Com habilidade, muito carinho e uma dose extra de amor, aquela casinha voltou à vida e por mim passou ser chamada de lar.. meu lar.
A época, reconstruí meu computador dando a ele o que em mim foi tirado – memória. Não sei quanto perdi (em números) em neurônios, mas com certeza os restantes funcionaram muito bem por si e graças à neuroplasticidade, por outros também. Nesta época, feito autodidata, voltei a estudar – evidente a margem de erros de alguém que faz de si laboratório são altas, porem investi nesta velha carcaça agora com cérebro refeito. Bolei alguns jogos bem simples a partir de um domino onde formava números através de somas (seis/sete) entre as pontas das pedras. Evidente houve situações onde necessitei inventar coringas e não me arrependo de nada – meus joguinhos (seis /sete) funcionam perfeitamente e o que antes eu ‘fazia comigo’, hoje faço com minha mãe (Alzheimer) em forma de brincadeira.
Vida... pense bem no que você faz da sua – ela esta ai para ser vivida por você e não pelos outros porem a escolha é toda sua. A alegria é algo supremo e quando você deixa de viver, seus sonhos deixam de se tornar realidade e a vida ganha um peso medonho – para se desfazer dele, deixe para trás o que se foi – tome para si o que deu certo, aplique no cotidiano e viva feliz sendo você o principal pessoa em sua existência.
Manoel Cláudio Vieira – 04:10h – 02/junho/2014.