Eleições e Copa 2014
Apesar do azedume mal-humorado de muitos brasileiros (quem sabe até da maioria), a Copa 2014 de futebol está aí e será disputada, irreversivelmente, à revelia das muitas previsões pessimistas e, até, catastróficas. Apesar da “canastrice” da FIFA e seus representantes. Apesar das inúmeras campanhas auto difamatórias promovidas por inúmeros brasileiros tentando, nos planos nacional e internacional, desmerecer e ridicularizar indiscriminadamente o Brasil como anfitrião do evento. Apesar das inúmeras distorções disseminadas a respeito dos ônus financeiros, onde, ao longo dos últimos 12 ou 15 meses aproximadamente, qualquer um se arrogou autoridade de dizer que os gastos (dinheiro jogado fora, segundo a maioria desses articulistas) do “Brasil” seriam, segundo uns, de 8 bilhões (geralmente não dizem de quê, ou alternam: Dólares? Reais?); segundo outros de 30 bi; segundo outros tantos de 70, 80, 90... “Abobrinhas” no melhor (ou pior) estilo. Um ou outro, fosse por engano ou por total falta de noção de cifras, fez uso até das casas do trilhão, ou, no outro extremo, do milhão. Talvez o fato da Copa coincidir com ano de eleições majoritárias do Brasil explique um pouco a excessiva distorção disseminada, sobretudo nas redes sociais, sobre o evento: Os governistas e seus defensores, enaltecendo tudo sobre a efeméride (até mesmo o que não deva ser enaltecido); os antigovernistas, ao contrário, difamando tudo sobre o acontecimento esportivo, mesmo o que eventualmente mereça elogio. Resumo da ópera: a Copa se transformou, também e de modo intenso, em matéria prima na disputa do poder, e cada um a usa da melhor forma (mesmo que contrarie os fatos) que lhe pareça no sentido de prestigiar ou desprestigiar a um ou outro “lado”. A polarização da atual disputa política, principalmente no plano federal, PT-PSDB, se transferiu para os gramados, camisas e pontas de chuteiras. De minha parte, mesmo eu não sendo um torcedor de futebol lá muito entusiasmado, vou torcer cá do meu canto por mais uma conquista da seleção brasileira, sem misturar “alhos com bugalhos”, ciente de que, como muito bem disse o filósofo de boteco: “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”. Ou: “Copa é copa, eleição é eleição”.
Nelson S Oliveira