O Sentido da Vida
Certa vez, um jovem discípulo perguntou a um grande sábio, durante uma conferência:
- Mestre, qual é o sentido da vida?
O mestre lhe respondeu, na 2ª pessoa do plural (os verdadeiros sábios sempre falam na 2ª pessoa do plural, mesmo que estejam se dirigindo a apenas uma pessoa):
- De nada adiantaria se tudo eu vos respondesse agora, não compreenderíeis. No entanto eu vos digo, se quereis aprender sobre o sentido da vida, primeiro é preciso que vós saibais que o quadrado do comprimento da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos comprimentos dos catetos. Enquanto não aprenderdes sobre isso, serão inúteis as tentativas de compreenderdes o sentido da vida.
- Mas mestre, isso é muito difícil!
- Então comeceis pelo mais simples: aprendais primeiro que menos bê é mais, ou menos, a raiz quadrada de bê ao quadrado, menos quatro a cê, dividido por dois a.
- Ainda é muito difícil!
- Então comeceis pelo mais simples ainda: aprendais que para saber a área do paralelogramo, antes é preciso que saibais a medida da base e da altura do mesmo, bastando, depois, que multipliqueis uma pela outra para que tenhais a resposta correta.
- Continuo não entendendo, mestre?
- Recomeceis tudo de novo! Recomeceis pela tabuada! Um mais um é dois, um mais dois são três e assim sucessivamente. E hoje não tereis mais respostas minhas à vossa indagação. As respostas possíveis já vos foram dadas – respondeu-lhe finalmente o mestre, já um pouco irritado. Os grandes sábios também se irritam de vez em quando.
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Alguns anos e alguns meses mais tarde, discípulo e mestre se reencontram, em outra conferência e, dessa vez, é o mestre quem pergunta:
- E então, descobristes o sentido da vida?
- Não mestre, mas me tornei professor de matemática.
Nelson S Oliveira