A VIDA, A MORTE O CONCEITO DE DEUS E AS BATATAS!

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A vida e a morte são dois mistérios que não é dado ao homem entendê-los, porque vêm de Deus. Na sociedade oriental, o nascer é motivo de festa, alegria, comemoração e cumprimentos; na ocidental, ao contrário: é motivo de tristeza, choro e condolências. Incompreensível essa dualidade e, para muitos, inaceitável também. Seja lá como for, na cultura que for, a vida e a morte são uma dualidade incompreensível para todos que morrerão um dia porque o mundo nunca acabará, mas as pessoas e se acabarão e só restarão as batatas!

Em interessante estudo que diferencia as religiões Hindu, Budismo, Teísmo e Xintoísmo, o conceito do que venha ser Deus é diferente nas culturas ocidental e oriental. Na ocidental Deus é o criador, o Todo Poderoso, o único porque a religião é monoteísta. Na sociedade oriental, Deus se manifesta através de muitas divindades: o divino estaria presente em tudo, porque acreditam no panteísmo, que seria uma força impessoal que permearia tudo e todos. Os cultos também diferem de uma para outra: na sociedade oriental, se dá pela meditação, o sacrifício. Na ocidental, pela pregação, oração e louvor. A visão ética também não são iguais: na oriental ela seria fruto da passividade e a fuga do mundo. Na ocidental o fiel seria um instrumento da ação divina e deve obedecer à vontade de Deus, abandonando o pecado e a passividade diante do mal. A ideia de salvação também muda de uma sociedade para a outra. Na ocidental, a salvação seria a pessoa se libertar do eterno ciclo de reencarnação da alma e do curso da ação porque a graça viria por meio de atos de sacrifício ou do conhecimento místico. Na ocidental, Deus redime o ser humano do pedado, julga e dá punição porque existe a noção de uma vida após a morte, no céu ou no inferno.

A noção de humanidade na sociedade oriental seria a de que o homem poderia alcançar a união com o Divino, mediante a iluminação súbita e o conhecimento. Na oriental, o conceito seria de que existe um abismo entre Deus e o ser humano, o criador e a criatura. Nesse conceito “o pecado grande é o homem desejar se transformar em Deus em vez de se sujeitar à vontade de Deus”, informa o mesmo estudo sobre o assunto.

Não adianta os ostentar riqueza, soberta, sabedoria e inteligência, que nada disso restará depois da morte em qualquer que seja sua forma de vida ou de crença, a menos que esse saber tenha sido registrado por escrito, para servir de estudo na posteridade. Caso contrário, nem o saber restará porque morrerá com a pessoa. Essa constatação me faz pensar no sentido e na dualidade que é inseparável: a vida não existe sem a morte porque uma se faz necessária a outra, porque no mundo material em que vivemos precisa continuar cedendo espaço para novas vidas e alimento para outras pessoas.

A propósito, Machado de Assis, em sua memorável romance “Memórias Póstumas de Brás Cubas” se amparando em vários estudos, garante que as guerras, pragas ou mortes por catástrofes naturais se fazem necessárias para se perpetuar a vida e conclui com seu personagem filósofo humanista “Quincas Borba”: “aos vencedores as batatas”, remetendo a uma suposta luta entre duas tribos rivais que viviam em guerra permanente. Uma plantava e colhia batatas e a outra só guerreava, roubava mulheres para transformá-las em esposas e destruía tudo por onde passava, depois de derrotar os inimigos. Depois de comeram as batatas que pilharam e os tubérculos se exaurirem, morreram todos.

Outros teóricos como Thomas Robert Malthus, na conhecida “a teoria malthusiana”', além de Jonh Lock e outros pensadores da sociedade na idade média, principalmente também defenderam as guerras e catástrofes naturais como necessárias à garantia da continuidade da vida no planeta, Assim também deve ser a vida: ela vai se destruindo aos poucos até nada mais restar, até acontecer o seu encontro com a morte!

Mas o que tem a ver a expressão usada por Machado de Assis, com a crônica? Tudo a ver porque o mesmo mistério da guerra, destruição das batatas, roubo de mulheres, desposamento, se aplica no caso da vida e da morte: se ninguém souber viver, um dia tudo acabará e ficaremos sem entender porque isso aconteceu. A tribo que só guerreava, ostentava seu poder e força, mas não sabia viver! E todos morreram em seguida, pela fome porque também não caçavam e nem pescavam, o que seria natural se a tribo não pensasse só em guerra, só em si e em seus próprios valores.

O pensar individual é um tipo de morte em vida!

Essas lições e diferenças servem para a vida também: devemos plantar e não destruir as batatas porque poderemos precisar delas, acreditar em um Deus que é único, embora os estudos o apresentem diferentes, porque se não conservarmos nosso espírito e o entregamos a Deus na forma que você o conceba, morreremos todos de fome ou de causas naturais mesmo, mas morreremos! E, dependendo da crença de cada um, poderemos ir para o céu ou para o inferno.

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 31/05/2014
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