ANESTESIADOS

e souza

Testemunhas da dor, vivemos lambuzados de sangue, espectadores individual e coletivo dos horrores televisivos. A insensibilidade é de tal nível, que pessoas só conseguem apenas votar em dia de paredão no BBB, mas são incapazes de pedir seriedade e competência aos governantes, sei que querer político honesto, sério e competente é humanamente impossível, seria bem mais fácil acabar com a guerra no Oriente Médio e paz nas Coréias. As Tvs. Com suas programações medíocres, âncoras e apresentadores travestidos de pessoas preocupadas com a violência e a falta de vergonha na cara da politicagem desenfreada, são dignos de tédio e sono. Assistimos diuturnamente a um espetáculo de barbáries, latrocínios permanentes, penso sim, somos uma platéia passiva diante de tragédias anunciadas todos os dias e permanecemos passivos, os ‘homens’ irresponsáveis, permanecem de olhos fechados e braços cruzados, não conseguem ou não querem ver, pois o caos lhes interessa, e lhes rendem votos. O horror não nos emociona, pois ainda não chegou ao nosso bairro, não nos importamos porque ainda não devastou nossas flores, não pisou no nosso jardim e não estão no nosso quintal. Mas um dia a gente descobre que as guerras, e o sangue sempre estiveram em nosso bairro, estava em nosso jardim, o tempo nos ensina isso, mas não saímos do lugar comum, do cômodo e arejado gabinete, o cômodo lugar comum, incômodo pulsar de um espetáculo deprimente de ações sem propósito prático algum. A fome de crianças no sertão da Bahia, que faz com que a merendeira de uma “escola”, onde uma criança não sabe ao menos escrever três simples palavras: “amo minha mãe”, embora essa criança esteja no quinto ano do ensino médio, aquela moça que faz o almoço, leva de sua casa alguma da pouca mistura que tem para que estas crianças não passem fome com o que o estado lhes oferece para comer, mas isso também não chegou a nossos quintais, então não nos damos conta e alheios continuamos caminhando para esse conformismo medíocre. Assim nos tornamos anestesiados, imunes ao que assistimos passivos e silenciosos.

e-mail :edsontomazdesouza@gmail.com

E Souza
Enviado por E Souza em 31/05/2014
Reeditado em 04/01/2015
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