A GENTE SOBREVIVE

e souza

Em algum lugar do passado, já erramos. Quando criança não queria saber de outra coisa que não fosse brincar no campinho ao lado de casa. Minha mãe usou uma tática genial para me fazer voltar para casa, estudar e comer: “senão comer tudo e não fizer lição de casa, o homem do saco vem te pegar”. Pronto. Bastava para eu comer e fazer a lição, só assim eu me livraria do homem do saco. Qual mãe em seu juízo perfeito iria deixar seu filho ser levado por um homem com um nome desses? Fui ficando mais velho e odiando o tal homem que eu não sabia quem era e que só porque a gente não comia nos levava dentro do saco, nem sabia se ele tinha mesmo saco! Quando descobri a maracutáia , perdi o medo, mas não foi fácil ela tinha sempre uma carta na manga, mas sobrevivi. Depois os pais não querem que seus filhos cresçam revoltados! Puro terrorismo! A palavra é pesada, mas é pura verdade. Quais são os pais que não usaram ou usam de um meio para fazer com que seus filhos menores estudem ou comam? Todos! Às vezes os fins justificam os meios, existem casos e casos. Para que a filha saísse da piscina para almoçar, uma conhecida dizia para a menina: “vá, saia daí senão a loira da piscina vem te buscar”. A garota chorava, mas ia correndo comer. Que maldade! Criamos tudo isso, depois reclamamos deles, e dá-lhe psicólogo ou o pior, o psiquiatra! Coisa de louco! Eu por exemplo: brincava muito com minha filha dizendo que queria cortar o dedinho do pé dela, porque gostava muito dele, já sua mãe, iria ficar com a pequena mão. Imaginem a cabecinha da criança, pensando que cresceria faltando pedaços, e cada pessoa que passava por ela e dizia: “Que narizinho pequenino! Que olhos lindos!” Ela mudava a fisionomia, (acho) que pensava: meu Deus, mais um querendo um pedaço! A verdade é que com os meios, sempre conseguimos os fins, o bom de tudo é que nenhum de nós foi ensacado, nenhuma de nossas crianças ficaram sem os dedos, mãos, nariz, e olhos.

Também não há criança nesse mundo que tenha visto a loira da piscina, nem mesmo a loira do banheiro, essas personagens não nos mete mais medo, muito embora muito marmanjo gostaria de encontrar uma loira no banheiro. E pensar que naquela época a tal loira me punha medo! Assim como os nossos pais, amamos nossos filhos e eles também nos amam independente de qualquer erro. E que nenhuma loira seja ela de onde for, nem homens do saco ou não, ponham medo nas nossas crianças, mesmo porque elas têm o ‘ben dez’ para defendê-las. Eu tinha o ‘Nacional kid’. É isso aí.

e-mail : edsontomazdesouza@gmail.com

E Souza
Enviado por E Souza em 31/05/2014
Reeditado em 04/01/2015
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