Crônica do Desassossego

Às vezes eu paro pra me perguntar quantas pessoas eu inspiro por dia. Ou se seria pretensão minha achar que ando inspirando qualquer coisa. Mas falo mais no sentido de acrescentar algo na vida das pessoas que convivem comigo. Bem, se por acaso eu descobrir que nunca acrescentei o mínimo pra qualquer pessoa que seja, aí sim é que vou dedilhar “tristeza não tem fim, felicidade sim” sem achar tudo um exagero poético. Deixando de lado um pouco as minhas metáforas e falando abertamente, estou triste hoje. E sei bem os motivos. Mas mesmo assim, estou desde cedo dando o melhor de mim, para que as pessoas com que convivo tenham, nada mais nada menos, que o melhor de mim. E com certeza meu melhor não é esse coração murcho. A verdade é que tenho tido certa pressa. Pressa para tudo, e pode ser que isso tem feito com que eu passe pelos dias, sem inspirar ninguém. Nem a mim. E eu vou perdendo o tato, o jeito, o contato... minha pressa está adquirindo características de comportamentos que eu critico, e nem percebo. Espero que o motivo da minha melancolia de hoje tenha logo um fim, pois tenho pressa pra isso também. E antes que o dia finde, eu desejo do fundo desse coração murcho que eu inspire ao menos o meu sossego. Estou precisando mesmo descansar. Não é egoísmo, mas também desejo uma boa noite pra mim.

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 30/05/2014
Reeditado em 30/05/2014
Código do texto: T4826360
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