PAPO POSTAGEM
Dos dígitos nasce um novo estilo de falar, escrever e pensar. Os 144 caracteres eleitos do twitter e o universalismo do facebook produziram uma nova reforma na estrutura do pensamento. Os deuses cibernéticos prostraram o raciocínio secular. Em curtas orações disserta-se uma nova ideia. Os protestos, protestantes ou católicos, são tiros frasais. O pensamento vem em blocos, com frases de efeito. Os arroubos filosóficos se desprendem a cada clique no “Publicar”. Ninguém mais fala, faz postagens vocais. Ninguém mais concorda, curte. Ninguém mais discorda, bloqueia. Aplausos são likes. Sucessos são memes.
Poxa! Parece que só consigo escrever twittiana e facebookianamente. Toda vez que vejo adolescentes (e não só estes) conversarem tenho a impressão que eles acham que estão digitando em redes sociais. Olhando um pra cara do outro, teclam com a língua nos dentes digitando as palavras. São conversas digitais que me confundem o que é virtual. O mundo virtual é uma realidade. Nossa geração aprendeu a falar por postagens. Somos especialistas em frases de efeito, em criar clichês com vida útil de vinte e quatro horas, mas tão fortes como os seculares. Os romances acontecem em arremessos poéticos – ou patéticos. Mal ouvimos uma frase (postagem) e já mudamos de assunto para outro que não tem nada a ver com o primeiro e nem terá com o seguinte. Criamos uma cultura estruturada em Legos de anexins. Peças de aforismos sobrepostas, interpostas, que formam alguma coisa que todos vão postando e postando, e depois não sei bem o que são. #Sóseiqueéassim. #Porquesim. E tome hashtag.
Isso é bom? Isso é ruim? Não sei. Comente, curta ou bloqueie.