A PARÁBOLA DOS PRÓPRIOS DEFEITOS
No altar com o cálice do sangue de Cristo, o Pastor Vicius, encarnava os doze deuses do Monte Olimpo. Dançava freneticamente ao som da lira de Apolo, do canto das Musas e da dança das Cárites.
Um sábio de si mesmo com a crista em riste, timbre de voz grave, palestrava as avessas o próprio evangelho de sua vida.
Para ele o modelo absoluto de todas as virtudes. Alguns fiéis mesmo não entendendo nada caiam em lágrimas atiçadas pela tom do berreiro de Vicius.
Outros mais contidos até pensavam que toda aquela arenga foi surripiada de outrem. Mas, quem ousava afrontar Júpiter?
Havia momentos que, isto dependendo das sacolinhas que corriam na coleta do dízimo, Vicius se socorria piedosamente dissimulado, com o divino segredo da metamorfose:
Os prestes a morrer Vicius transformava-os em Cisnes, outros em pássaro, etc. Quando as sacolinhas aparentavam gordas, Vicius sacava do bolso um chicote e se autoflagelava como um servo sofredor até espirrar sangue pelo corpo. Um show pirotécnico a altura da paixão de Cristo.
Inesperadamente, uma fatalidade ocorreu. Vicius em transe com suas divindades; entre elas surgiu o acaso, um arcanjo, e fez Vicius se calar e voltar a sua estatura:
Suas orelhas cresceram, virou um quadrúpede e se evadiu como uma besta a procura de favas para se alimentar.
Moral da história: É certo que a insanidade arrastará o homem a seu estado original, pois a mente e a razão não toleram a loucura num mesmo espaço. Forca dos próprios defeitos.