DESEJO
Desejo
Pensava ter nascido para ser uma Estrela.
Inventava histórias quando criança e dava apelido às coisas.
Quando a minha avó, por parte de mãe queria brincar de ler a minha mão, eu chorava com medo que ela adivinhasse alguma coisa triste. Ela ria e dizia que eu ficaria “pra semente...”
Quando brincava de boneca com Tereza; eu não tinha nenhuma, todas eram dela. Eu cuidava como se fossem minhas admirando os vestidos e enfeites repletos de sonhos, dos mais lindos.
O Tempo passava e eu pensava ainda em ser uma Estrela.
Não sei a Grandeza, e nem o formato; o certo é que eu queria dançar.
Porém, a sapatilha era cara.
Queria aprender a cantar, mas lá em casa não havia vitrola e só depois de uns anos, meu pai comprou um rádio.
Depois, pensei em ser médica, mas a média do curso era muito alta e os livros muito caros, não daria para cursar.
Fiz então o curso de Direito, que nada em comum existia comigo; meu pai fazia questão. Desejei mudar para o curso de História e recuei.
O sonho da Estrela me perseguia.
Um dia, o mundo virou de cabeça para baixo. A Estrela ficou nos meus pés e se foi pela correnteza.
Verônica Aroucha
Maio/2007