O Sabiá

O sábado chegou trazendo chuva e um pouco de frio, se assim podemos dizer. Aliás, foi à única novidade depois de semanas de céu límpido e temperatura amena. Como de hábito, ao olhar pela janela, a primeira coisa que enxerguei foi a banca do Sr. Jorge cheia de gente filando as notícias dos jornais, e que estavam sendo exibidos para venda. Coisa de brasileiro que gosta de levar vantagem em tudo.

Vez por outra passavam ambulâncias, bombeiros e policiais em seus veículos, todos com as sirenes ligadas ao máximo. Não que tivesse ocorrido alguma tragédia nas cercanias, mas devido o fato da rua em que moro ser passagem obrigatória, inclusive ônibus de todos os tipos e tamanhos. Uma exasperante e rotineira poluição sonora que não mudava quase nunca, e quando acontecia algo diferente, como uma manhã chuvosa com esta, era motivo de um incontido júbilo. Afinal, algo novo e estimulante por oferecer uma alvissareira perspectiva à monotonia do meu cotidiano. Pequenos detalhes que faziam a grande e significativa diferença na vida contemplativa de um aposentado da classe média suburbana.

Isso faz que me lembre com saudades do dia em que acordei com o canto de um sabiá laranjeira no peitoral da minha janela. Não acreditei que estivesse ouvindo aquele som maravilhoso, e praticamente quase dentro do meu quarto. Algo sensacional para uma cidade em que só existiam pardais, e assim mesmo em franca extinção.

Cheguei a correr para pegar a minha maquina fotográfica digital e gravar aquela imagem surreal. Fato insólito na verdadeira selva de pedra em que se transformou a nossa cidade, dita “maravilhosa e cheia de encantos mil”. Mas quando retornei, tive a grande decepção de constatar que havia voado para outras paragens, talvez à procura de um mítico lugar em que houvesse ainda um pouco de verde e farto alimento para as suas necessidades essenciais.

O fato fez que ficasse um pouco amargurado com a perda do seu efêmero canto, e que por breves instantes havia colorido o cinza residente em minha alma nostálgica, ao renovar um pouco o meu viver e dar-me forças extras em um repetitivo e monótono despertar.

Obrigado, sabiá.

The
Sabia



 
Saturday arrived with rain and a little cold, so to speak. Indeed, it was the only news after weeks of clear skies and mild temperatures. As usual, looking out the window, the first thing I saw was the stand of Mr. Jorge crowded bumming news of the newspapers, and they were being displayed for sale. Brazilian thing who likes to take advantage of everything. Occasionally passing ambulances, firefighters and police officers in their vehicles, all with sirens blaring to the fullest. Not that some tragedy had occurred in the vicinity, but due to the fact of the street you live to be obligatory passage, including buses of all types and sizes. An exasperating and routine noise that did not change rarely, and when it did something different, like a rainy morning with this, was a source of unbounded joy. After all, something new and exciting to offer a serendipitous approach to the monotony of my daily life. Small details that made ​​a big and significant difference in the contemplative life of a retired suburban middle class. This makes me remember longing for the day that I woke up with the song of a thrush orange in my window sill. I did not think you were listening to that wonderful sound, and practically almost inside my room.Sensational something for a city that existed only sparrows, and so even in frank extinction. I came running to grab my digital camera and record one surreal image. Unusual in fact true concrete jungle that has become our city, called "wonderful and full of a thousand charms." But when I returned, I had a big disappointment to see that he had flown to other places, perhaps in search of a mythical place where there was still a little green and filling food for their essential needs. did The fact it got a little bitter about the loss of its ephemeral corner, and briefly was the resident colored gray in my nostalgic soul, renew my life a bit and give me extra strength in a repetitive and monotonous awakening. Thanks, thrush.


 
Cronista
Enviado por Cronista em 29/05/2014
Reeditado em 23/07/2014
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