Pedaços de uma vida

Ser mulher nessa sociedade é complicado. A mulher recebe cobrança de todos os lados, inclusive dela mesmo. No primeiro momento, pensamos em casar, ter filhos, constituir uma família. Fomos criadas assim, para esse objetivo. Ganhamos bonecas, brinquedos que lembra o dia a dia de uma dona de casa, mas neste primeiro momento de nossas vidas ficamos felizes com essas novidades. Então brincamos com o fogão, com a geladeira, com a pia e assim vai, pois tem mobília pra casa toda em miniatura. Casinha de crianças colorida, panelinhas, pratinhos, talherzinhos e até comidinha de plástico. E com essa brincadeira começamos aprender a organizar uma casa. Sem contar as bonecas, que consideramos nossos filhos. Hoje tem bonecas que parece um bebê de verdade vem com roupinhas de bebê, com fraldinhas, mamadeirinha com todos acessórios para o bebê inclusive carrinhos e banheira. Então desde cedo aprendemos a cuidar e amar os nossos filhos. É uma fase muito importante da nossa vida, pois nunca esquecemos o que aprendemos.

No segundo momento, começamos a nos apaixonar. Paqueramos, nos encantamos, sonhamos com um conto de fada, começamos a enxergar a vida romanticamente. Pensamos mais em arrumar um namorado do que estudar. Recebemos conselhos sobre vida, como uma mulher se comporta como dona de casa, como mãe e esposa. São bons conselhos e nos ajudam muito ao longo da vida, pois sempre nos lembramos desses ensinamentos. E assim somos criadas, com carinho nos ensinando a vida. Mas nesta idade começamos a ter muitos conflitos que por muitas vezes são ignorados e assim ficamos sozinhas para resolver esses conflitos, que por muitos anos nos acompanha. Alguns conflitos são resolvidos com o passar do tempo e outros não conseguimos resolver. Muitos desses conflitos bloqueiam nosso desenvolvimento como mulher e neste momento que começamos a ter sentimos de inferioridade. E esse é um conflito que pode nos acompanhar por toda a nossa vida, embora, algumas de nós conseguem resolver esse conflito enquanto que outras não.

No terceiro momento, pensamos em nos casar, em ter filhos, sonhamos com tudo isso, que é muito bom. Ficamos animadas, nos preparando, pois é o nosso sonho se realizando. E vivemos felizes, mas sentimos falta de alguma coisa. Fomos ensinadas a cuidar e viver para nossa família, mas volto a repetir isso é bom, esquecendo muito vezes dos nossos sonhos, nosso ideias. Esquecemo-nos da nossa identidade, esquecemo-nos da nossa vida. E com passar do tempo nos cobramos por ter se esquecido de si mesmo. Isto não significa que nos arrependemos em ter constituído família, de forma alguma, a família nos traz alegria. Se voltasse do começo de tudo e pedisse para fazermos uma escolha, com certeza faríamos a mesma escolha, pois a família é muito importante para nós. Então, esse discurso todo não é uma reclamação, pois amamos essa missão, e é uma linda missão que desenvolvemos. Essa missão nos alegra.

Então se a família é tão importante, por que esse discurso todo? Será que você é contra toda essa preparação para vida de uma dona de casa, mãe e esposa? Pelo contrário, sou a favor, mas o que me preocupa, ou melhor, me incomoda é que para mulher só foca neste objetivo. Se desde cedo trabalhasse com a mulher toda essa questão que é muito importante para mulher, que é ser dona de casa, mãe e esposa e trabalhasse também a importância em não se anular, a mulher se completaria em toda a esfera da sua vida. Viveria para família e viveria para ela também. Lutaria pelos sonhos da família e lutaria pelos seus sonhos também. Sentir-se-ia especial, mais feliz e realizada.

Clau Rocha
Enviado por Clau Rocha em 28/05/2014
Código do texto: T4823554
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