Significado dos nomes

Diz uma amiga minha que o seu primeiro filho homem irá se chamar Ícaro. Ou dizia, porque mudou de ideia assim que contei a trágica história de Ícaro na mitologia grega: preso no labirinto do Minotauro, conseguiu escapar usando asas feitas de penas de pássaro e cera, mas voou tão alto que se aproximou do sol, a cera derreteu, ele caiu e morreu afogado. E, convenhamos, ninguém deseja semelhante destino ao filho.

Mas isto são apenas nomes, e não quer dizer que em cada um deles haja uma sentença para toda a vida. Vejam o caso de Santo Peregrino, por exemplo. Peregrino não era o nome artístico, mas de batismo mesmo. Pois Santo Peregrino nasceu em Forli, na Itália, e morreu em Forli, na Itália. Aí está um que não fez jus ao seu nome, mas nem por isso deixou de ser santo. E mesmo quando o sujeito se chamava Jabez, ou seja, “aquele que causa aflição”, bastou orar ao Deus de Israel para que a sua trajetória fosse alterada.

Eu próprio, chamando-me Henrique, desminto toda predição a respeito do meu nome, pois estou um bocado longe de ser príncipe poderoso ou senhor da pátria (quando muito, sou o senhor do meu nariz). E, no entanto, considero-me satisfeito com o nome que tenho, possivelmente um dos mais unânimes da história (é verdade: ninguém acha feio), embora frequentemente seja confundido com Felipes e Guilhermes. Considero-me ainda aliviado por meus pais terem abandonado a ideia de me chamar de Frederico, que pode até ser o príncipe da paz, mas é feio pra burro e ainda me chamariam de Quico.

Minha amiga pensa agora em um nome bíblico, o que me levou a recomendar severamente que resistisse à tentação de chamá-lo Davi, pois não há em toda a história do povo judeu maior popularidade deste nome do que no Brasil dos últimos anos. Sugeri Mateus, que além de tudo quer dizer “dádiva de Deus”, mas ela lembrou que, ao seu marido, o nome tem outro significado, ou seja, “aquele que namorou a minha mulher antes de mim”. Achei que a alegação procedia.