DURA NA FRONTEIRA

Lembrei-me da vez em que eu estava em uma estrada deserta. Cenário bucólico ideal para esquecer-se de si, relaxar, enfim, desligar.

Eis que nesse êxtase encantador observo o belo dia, verdes pastagens que foram aradas pelo latifúndio, vazio do pós-colheita. É o protetor de tela do Windows.

O mergulho ao âmago do meu ser foi tão forte que que resolvo ligar para minha mãe.

Falo vinte minutos com a coroa e desligo. Vou entrar no carro para partir, mas, eis que surge uma s-10 do GEFRON (Policiais do Grupo Especial de Fronteira) e pede-me para me afastar do automóvel.

Começa uma revista em meu carro para saber se portava drogas para o tráfico ou não.

Nesse momento quase posso suar frio. Não sou traficante mas dou uns tapas de vez em quando e estava por um triz de ter que enfrentar o constrangimento e ser tachado legalmento como “usuário”.

Olharam embaixo do painel do meu carro, porta-malas embaixo do banco. Tudo ok, estava limpo.

Junto com minha mochila, violão e outros pertences estava meu saquinho de erva, filtros, fechador de cigarros e seda, ou seja, um kit maconheiro.

Por precaução eu enrolei esses materiais em umas três sacolas plástica de supermercado. Um dos guardas que olhava minha mochila, violão e outros pertences pegou nas mãos o saquinho. Gelei novamente, ele olhou nos meus olhos que estavam vermelhos como de uma lebre, deu um sorriso de canto de boca e largou o saquinho de volta.

Os guardas entraram na caminhonete e sumiram pelas estradas do Montese. Nunca mais os vi. Nunca mais fui lá.