A ROTINA NOS SERVIÇOS PÚBLICOS
Primeiro o rangido das pastilhas no disco do freio, depois um apito, mais adiante outro rangido e outro apito, 35 minutos depois tudo de novo, assim começa às 20 horas e vai até o momento que me recolho para dormir. Dias após dia, semana após semana, mês após mês é a rotina. Basta o assaltante observar que logo perceberá que tem 35 minutos para atuar.
As vezes espio a rotina pela janela da escada e ela nem olha atrás da árvore de tronco largo, nem vira o rosto para a casa do pagante. Outro, um domingo pela manhã os cachorros latiram e havia alguém batendo palmas no portão era a rotina oferecendo seus préstimos por R$ 65,00 ao mês, então fui indelicado e disse que iria gravar o rangido dos freios da motocicleta e o trinar do apito e de 35 em 35 minutos reproduziria o som num alto-falante.
O ofertante não falou nada ficou esperando uma explicação, então complementei explicando o que eu assistia a rotina pelo menos seis anos.
Pagar por um serviço de rotina e cego é colocar dinheiro fora, mas está no arbítrio do usuário pagar ou não.
Os serviços estatais não estão no nosso arbítrio, pagamos e dependemos de fatores políticos, de preparo técnico dos administradores.
Estar por estar, passar por passar é desrespeito ao contribuinte.
Estar por estar é postarem-se numa esquina como dois cavaletes sem domínio do que acontece além do que a vista alcança, pois não se movimentam, então resta voltarem-se ao celular ou bate papo particular.
Passar por passar é trafegar pelas ruas em velocidade incompatível com a velocidade de percepção do olho humano, então veículos sobre calçadas, obstruindo o caminho pelas faixas de segurança, indivíduos em atitude suspeita passam despercebidos.
A rotina do "não ter", por hora passa pelas rotinas do "estar por estar" e do "passar por passar".