Diário de Sonhos - #078: O Diabo Quer Você
Este foi de longe um dos sonhos mais realistas e assustadores que eu já tive. Realista porque parecia que eu tinha total controle das minhas ações dentro do sonho. Se eu quisesse andar eu andava. Se eu quisesse gritar eu gritava. É como se eu estivesse vivendo de verdade. Assustador nem tanto pelas imagens que eu vi, mas porque este sonho me revelou características de minha personalidade que eu tenho medo: covardia, hipocrisia e oportunismo.
Sonhei que estava em casa. Era noite. Minha mãe assistia televisão na sala (ou era eu? Não lembro direito...). Vou até a cozinha pegar alguma coisa pra comer e volto. A luz acende e apaga sozinha. A porta do quartinho se abre, fazendo um gemido agudo e irritante. Alguns barulhos estranhos. Está bem baixo, mas consigo identificar como vozes. Não sei direito se era um canto ou uma reza. Mas eram várias vozes, ora em coro, ora em completa desordem. O som fica mais alto e assustador. Estou sentado no sofá vendo televisão. A cabeça de um bode vermelho aparece na tevê. O bode olha diretamente pra mim. Olhar pra ele machuca. Olho pra minha mãe, que está sentada ao meu lado, e ela diz: "O Diabo quer você". Olhei para a escuridão, morrendo de medo, e vi pequenos olhos vermelhos me vigiando. Imaginei que fossem bodes vermelhos. Comecei a chorar, chorar muito mesmo, como uma criança apavorada. Fechei os olhos, mas eu ainda via a imagem do bode na televisão, vermelho e com o olhar machucando.
Então comecei a orar. Isso mesmo. Não sou cristão, mas comecei a orar, implorar para Deus me salvar. Pedia que Ele me tirasse dali e nunca mais deixasse aquele bode chegar perto de mim.
Acordei apavorado deste sonho. Fiquei vários minutos deitado na cama, pensando. Queria contar pra minha amiga Natália. Voltei a dormir e esqueci do sonho. Só fui lembrar dele à noite, quando estava conversando com Natália e no Facebook apareceu uma imagem que falava alguma coisa do diabo. O sonhou voltou à minha cabeça.
O que mais me assusta neste sonho foi o fato de eu ter recorrido a Deus num momento de medo completo. Isso prova a hipocrisia e covardia de meu caráter. Como minha amiga comentou "você pode ser como quiser, mas o problema vai ser quando a porra ficar séria". Hoje é disso que eu tenho medo. Tenho medo de quando a porra ficar séria.
Vinte e seis de maio de dois mil e quatorze.