Diário de Sonhos - #076: Saturno Devorando Seus Filhos
Sonhei que estava em casa, de noite, jogando videogame. Aí meu braço esquerdo começou a coçar, coçar muito mesmo. Eu coçava com força até arranhar a pele e sair sangue. Aí eu parei. Senti algo se mexendo debaixo de minha pele. A coisa começou a forçar a saída, fazendo um furúnculo no meu braço. Apertei igual quando a gente espreme uma espinha. Mas o que saiu não foi pus. Foi um mosquito aedes aegypti, o mosquito da dengue. Saiu um, depois outro, e mais outro. Eles começaram a jorrar pra fora. Quando percebi a sala de casa estava lotada de mosquitos pelas paredes. Outros voavam em torno de minha cabeça, fazendo um barulho infernal. E muitos outros me picavam.
Agora estou no corredor de uma profunda caverna. O ambiente é banhado por uma violenta luz vermelha. Está muito quente. Sigo o corredor até uma porta. Ela dá para um vestiário. Ele é retangular. Nas quatro paredes tem banheiros e no centro também. De alguma forma sei que tem uma criatura monstruosa vindo me pegar, e também sei que nada lhe é mais saboroso do que recém-nascidos. No chão tem alguns bebês chorando. Coloco cada um deles em cima de uma privada (que eu também sei que vai servir de "prato" para o monstro) e me escondo, me trancando dentro de um dos boxes. A criatura finalmente chega, mas eu não a vejo. Talvez eu seja a criatura, pois agora estou vendo o mundo através de seus olhos. Ela entra e olha em volta, vai até cada um dos bebês e os devora de forma cruel e selvagem. Parece até uma pintura de Goya. A criatura comeu todos os bebês, mas ainda tem fome. Ela procura por mim. Tenho medo.
Vinte e seis de maio de dois mil e quatorze.