AMANHÃ...MEU NOVO DIA.

Amanhã será outro dia, meu novo dia, permitindo a grandeza do universo questionado em suas fontes que eu acorde e respire.

Hoje com saudades de minhas adoradas netas, que já foram, e ficaram desde sexta-feira na minha casa.

Disseram para suas mães, “foi o melhor fim de semana que já passei”. Por quê? Por terem liberdade extravagante. Ao chegar da rua pela manhã encontro as duas na pia com duas panelas cheias de farinha e água, mexendo a massa da brincadeira. A avó libera a alegria.

Amanhã será outro dia, um novo dia, transitarei pelos mesmos lugares, alguns que passei muitas vezes ainda menino, quando a calma absoluta reinava. Os oitis na minha rua ainda recebiam os pássaros e o barulho dos pardais era intenso. Ouve-se hoje sepulcral silêncio...dos pardais, que se foram. Mas é intenso o movimento de carros em frente à casa em que nasci onde gigantesco edifício sobe. Por vezes paro e olho a mesma árvore e o poste que quando rapaz serviam de garagem para um imenso cadilac que tinha e com destreza encaixava entre esses marcos.

Não sabia que estava a viver um sonho quando era menino e adolescente. Não havia passado o tempo, a cidade não resfolegava perdida e sufocada no meio das gentes e dos carros.

O chão onde nasci, porque se nascia nas casas, ser chão de muitas casas empilhadas futuras. Passo em sua frente, mas tenho evitado. A bela casa hospitaleira como um chalé suíço, estilo enxaimel, não mais existe. Minha avó já dizia, “são casas de cômodos do diabo”; se referia a apartamentos. Estava certa, são os locais onde brotam as maiores somas de conflitos que batem às portas dos tribunais.

Quantos morarão sobre o chão em que nasci? Quem? O amanhã dirá.

Não conhecia esse mundo do futuro onde eu não seria mais menino, rapaz, nem percebia o amanhã de hoje quando subia minha rua de bicicleta para ir ao colégio. E ansiava as férias para mergulhar nas loucuras dos folguedos e no mar que me viu nascer, quase com os pés dentro dele.

Minha cidade mudou, eu mudei, mas os amanhãs continuam a me brindar com o sabor da vida....também em uma casa, praticamente a única da minha rua.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 25/05/2014
Reeditado em 25/05/2014
Código do texto: T4820161
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