Pequenas histórias 35
O silêncio dos corpos
O silêncio dos corpos fala alto nessa prisão pela sobrevivência. Apenas os sons dos móveis sem o contato humano, junto com o ar condicionado, esparramando o vento nessa manhã de sol frio, são audíveis. Do alto falante a música se infiltra em ouvidos moucos. Poucos ouvem, talvez ninguém, nem mesmo a própria fala, quanto mais à música.
E no silêncio os versos cantam a palavra em ritmo de sentimentos às vezes dispersos, outras esparsos, outras ainda sem significado e, raramente sem conteúdo.
Assim a poesia se infiltra em poros sujos de sangue cinza e poucos afeitos à arte, a não ser, a arte pela arte de sobreviver sem questionar os porquês.
Cada um vive como quer e como pode.
pastorelli