Pequenas histórias 35

O silêncio dos corpos

O silêncio dos corpos fala alto nessa prisão pela sobrevivência. Apenas os sons dos móveis sem o contato humano, junto com o ar condicionado, esparramando o vento nessa manhã de sol frio, são audíveis. Do alto falante a música se infiltra em ouvidos moucos. Poucos ouvem, talvez ninguém, nem mesmo a própria fala, quanto mais à música.

E no silêncio os versos cantam a palavra em ritmo de sentimentos às vezes dispersos, outras esparsos, outras ainda sem significado e, raramente sem conteúdo.

Assim a poesia se infiltra em poros sujos de sangue cinza e poucos afeitos à arte, a não ser, a arte pela arte de sobreviver sem questionar os porquês.

Cada um vive como quer e como pode.

pastorelli

Pastorelli
Enviado por Pastorelli em 25/05/2014
Código do texto: T4819672
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