Fim dos Tempos
Um novo dia surge ao horizonte, fatidicamente uma nuvem densa e escura paira nas ruas da cidadela acinzentada.
Vejo esta nuvem como prelúdio de uma tragédia, morre a alma dos seres humanos, morre a poesia de viver.
De um modo soturno, vislumbrei o futuro sorumbático que o horizonte predizia. O ar estava viscoso e denso; sussurrava aos ouvidos mais atentos:
- Eis o fim, é a harmonia mortuária, vistam suas mortalhas!!
As almas perdidas gargalhavam em uníssono... Um som de mau agouro. Um arrepio percorria meu corpo, sensações desconexas de medo intenso.
A cidadela toma um tom mais escuro, nuvens mais densas proclamavam a morde do sol, as janelas que outrora revelavam vidas ou sobrevidas, se encontram tomadas por sombras.
Ao longe os cavaleiros do apocalipse firmam rumo em direção à cidadela, em seu caminho um rastro de desolação... Cheiros pútridos, devastação. O horror alastra-se como vírus. Tomados pelo desespero, os sobreviventes correm a procura de um local para se abrigar.
A morte é diferente todavia... Morre a capacidade de pensar, morre a criatividade.
Aglomerados frente ao cubo mágico trazido das profundezas do inferno, aglutinado ao séquito malevolente que determinados, conseguiram a extinção (em partes) do ser pensante.
Lastimam sob lágrimas copiosas o pouco do divino que sobrevive no homem.
Sob o manto negro do luto, jaz o cérebro humano, a arte de criar vida através das palavras. Extingue-se a centelha divina.
Após o apocalipse intelectual, surge ao horizonte um novo dia, sob o prisma da nova realidade.
Obliterados, dominados pelos novos deuses da mente, caçam-se os pensadores, assassinando por conivência imoral.
Eis o fim dos tempos!