A hora da partida


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Hora da partida

Aquele retrato amarelado,enrugado pelo tempo,parecia
exibir a face de meu velho pai,contudo a expressão
não era a de “sorriso de lua” como o costumava contemplar.
As rugas na fronte mais profundas , eram de um “olhador de relógios” e não o de “escutador de chuva” como se deixava ficar meu velho pai...
Senti,profunda saudade de mim e sabia que havia me abandonado e sem volver os olhos para trás ,partiria para incerto destino.Imaginava que,talvez,fosse visitar aquela casinha em ruínas onde passara a minha infância e encontraria a namoradinha primeira,com quem “casara”,trocando alianças feitas com papel fino.A Iara tinha as perninhas mais finas que a gentil garça branca,os olhinhos brilhavam mais do que nossa estrelinha preferida.Pólux era testemunha de nossas eternas juras de amor...
Hoje,enfim,chegou a hora da partida !Deixo-me com meus pertences,identidade ,frustrações e angústias...
A quem,de mim ,sentir saudade,deixo,pois,o meu velho retrato...