Somos seres frustados e frustadores. Vamos além de nossa capacidade para termos o que pensamos ter necessidade, e para isso lançamos mão de estratagemas para chegar onde queremos, muitas vezes não levando em consideração o impacto causado nas pessoas que estão a nossa volta. Por isso nos frustamos, ou frustamos os outros.
Analisando a vida de uma mulher desde o momento de seu nascimento até sua morte, vi o quanto a arte de viver, muitas vezes, se torna escandalosamente opressora.
No dia de seu nascimento Amanda deixou seu pai triste porque ele queria um menino. E sua mãe ficou infeliz por não ter dado a satisfação de um filho varão a seu marido, a quem amava muito. Como primogênita carregou o fardo, embora posteriormente teve dois irmãos que a consideravam sem jeito, para o resto da vida.
Na escola primária não correspondeu aos anseios de todos, foi medíocre tirando notas apenas para passar de ano, e com isso deixou decepcionados pais, professores e irmãos. Não foi diferente no ensino médio, faculdade e doutorado.
Amanda continuou seu caminho já acostumada a não ter sucesso em nada, apenas curtindo sua mediocridade. Mediana em tudo. Por mais que se esforçasse.
Um psiquiatra diria talvez, o motivo seria pela falta de um acolhimento mais caloroso ao nascer. Um sociólogo quem sabe, porque a maioria nasce com essa predisposição, já que o mundo tem a maior parcela de seus habitantes nesta classe, onde a opressão já faz parte do cotidiano. Pois oprimidos e opressores andam lado a lado por onde quer se vá.