Conversa 2.0

Conversa 2.0




Pra começo de conversa, estamos infestados de gente triste, trilhões delas, dá vontade falar um palavrão cabeludo, qualquer um, serve o da sua preferência. O sucesso literário na Europa Now (argh....) trata da volta do medíocre “Bigodinho Adolfo”, quer dizer, essas pessoas não tem mais no que pensar? Cambada cinzenta, incapaz de ouvir uma boa música, ver um bom filme, fazer algo que preste pra esse planeta.

Uma cabeça pensante externou assim: "nossa mente que está cheia de pensamentos e padrões destrutivos, daí o dever de nutri-la adequadamente, de modo que ela possa criar e apoiar experiências saudáveis e positivas".

Entretanto, basta olhar ao redor: muita mediocridade, mediocridade esta que por sinal aqui tem sido alardeada como algo "legal" (argh...) por um bam bam bam da mídia tupi, ah, faça o favor, vá cantar noutra freguesia, please.

Pra meio de conversa: voto obrigatório? Aqui ó. E se você não vota, sofre penalidades. Tem algo errado aí nesse conceito. Isso pra não mencionar a urna eletrônica, artefato que por si só já exala uma essência pestilenta. Toda a questão política tupiniquim deveria passar por esses tópicos antes do partidarismo de araque e as subseqüentes (e enfadonhas) galáxias de promessas vazias.

Mas enfim, que é que eu posso fazer além de conversar? E isso, até agora, porque o tal Marco Civil tem uma fragrância muito similar ao da urna eletrônica.

Ah sim, agora o fumante será multado e já se idealizam tropas de fiscais para autuarem. Perfeito, a cereja no topo do bolo da imbecilidade. Qual será a próxima, pintar as calotas dos táxis na cor laranja?

Do que você quer falar, de amor? Ou vamos ter "Um momento de ah!"? Um não exclui o outro. Podemos meditar em conjunto, pois quem fala muito o que não se deve acaba na Terra dos Pés Juntos, ou você ainda não notou o tamanho da mordaça que nos envolve? Ah, não? Então saiba que em abril ocorreu um ilustre assassinato em Sampa, deram a notícia no dia e no dia seguinte. Ponto. Passou-se mais de um mês e tudo aquilo que envolve esse menu (digno de um roteiro digno de Oscar) evaporou. O perigo desse silêncio é o precedente escancarado à custa da preguiça, desatenção (além de desonestidade) alheias. Amanhã alguém do mesmo calibre resolve copiar a ação e fica tudo por isso mesmo.

Bom, então vamos meditar, e ou falar de coisas esotéricas (assim ninguém se machuca) e para tanto vou colar uma idéia abaixo:
"Buda não tinha endereço de e-mail, laptops, computadores. Era difícil para ele pegar um avião e viajar ao redor do mundo. Mais do que tudo, não havia outros que estavam em sua iluminação ao mesmo tempo, mesmo na forma psíquica era difícil se conectar com outras pessoas”.

E agora, eu te pergunto: estamos conectados?

Sei não, deveríamos estar...

Sábado retrasado, 90% dos abordados para doar em espécie qualquer contribuição para uma ONG que constrói casas para quem precisa disse: tô fora.... Se querias um termômetro e esse não bastou, te conto outro: no ranking mundial da filantropia o BR não ocupa posição de destaque.

Ao ver 5 milhões de trabalhadores a pé depois de um dia de cão tudo o que me ocorre resume-se num dito pouco lisonjeiro: o lobo do brasileiro é o próprio brasileiro. Haja visto os caras que desviam merendas nos rincões, estou assistindo esse filme há 30 anos.

Tem algo disfuncional no ar, especialistas que o digam. Querer mexer na maioridade penal é uma faca de dois legumes do tamanho de um bonde, mereceria no mínimo um debate amplo.

Falando em amplitude, alguém se deu ao trabalho de fazer uma espécie de pesquisa nos rincões, indagando a cada entrevistado(a) o seguinte: o que você faria se soubesse que seu filho estivesse usando o Twitter? Pelo que pude apurar ocorreu uma estranha unanimidade nas respostas. Coisas como “poria pra fora de casa” e similares pulularam. Ninguém, entretanto, se deu ao trabalho de perguntar: o que é Twitter?

Sugere-se pensar bastante a respeito, nos tempos que correm o custo do pensamento ainda não foi devidamente taxado.

Para um quase fim de conversa ouso sugerir uma fórmula que ainda não foi posta em uso: para cada real arrecadado em impostos, o governo poupa 2 reais nos seus gastos, que tal? Ok, pode me dar o Nobel de economia.

E nem sei por que me surge agora uma certa desconfiança com amigos de ditadores que oprimiam o povo para roubá-lo. (Ops, mas de que outra forma poderiam roubá-lo?).

Seja lá quem ganhar nas urnas, tem a oportunidade de fazer algo mais do que vencer. Pode acabar com o uso da política para dividir o país e mostrar no que concordamos em vez de como discordamos.

Pra fim de conversa, palavras do Mestre Hilarion: "É incumbência de todas as pessoas usarem a maior força do universo, a força e o poder do AMOR".

Diante de tanta falta de lógica, isso me parece o real resumo de tudo o que se almeja, e, embora nem sempre se consiga, talvez o primeiro passo seja considerar que o amor não precisa ser perfeito, ele só precisa ser verdade.



(Imagem: 'Vaso de Flores' de Jan Davidsz de Heem, óleo sobre tela,  1660)





 
Bernard Gontier
Enviado por Bernard Gontier em 21/05/2014
Reeditado em 09/04/2021
Código do texto: T4814507
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