HISTÓRIA ILUSIONISTA, CONSTATAÇÕES E PONDERAÇÕES...
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
A história é escrita pelos vencedores. E o vencedor leva tudo. Até a própria história... E o que é a história senão uma fábula com a qual todos concordam? Essa foi a pergunta de Napoleão ao encarregar seu Ministro da Polícia de zelar para que a história da França fosse escrita de acordo com as conveniências de seu trono. Com efeito, as multidões não escrevem autobiografias como ninguém escreve memórias das multidões. Povo é anônimo. Como o soldado desconhecido. História da Educação é história das elites. Na verdade, a história é sempre, ou quase sempre, um relato tendencioso. Paul Valéry admite que a história justifica o que se quer. Há quem diga o mesmo com relação à Bíblia.
Carlos Drummond de Andrade é poeticamente radical. “Toda história é remorso”, diz Drummond em Ouro Preto. O casario agonizante da antiga Vila Rica pode ser entendido como historicamente nostálgico, de nostalgia do apogeu do barroco e de remorso da escravidão. Ou... como daquele rio tristemente chamado Rio das Mortes.
José Saramago também vai fundo: “No fundo, há que reconhecer que a história não é apenas selectiva, é também discriminatória, só colhe da vida o que lhe interessa como material socialmente tido por histórico e despreza todo o resto, precisamente onde talvez poderia ser encontrada a verdadeira explicação dos factos, das coisas, da puta realidade. Em verdade vos direi, em verdade vos digo que vale mais ser romancista, ficcionista, mentiroso”.
Tal como num “reality show” a história confina a realidade social, leva ao paredão aqueles considerados vilões e cria e consagra heróis e heroínas.
No Brasil, vários filmes e biografias de pessoas vivas são encomendados “inter vivos”. Com o correr do tempo, a situação também pode se inverter: vilões passam a heróis; heróis, a vilões. A história cultua celebridades em meio a lendas e mitos. Mitos e lendas que podem representar mais que a realidade.