UMA VIDA SEM DELONGAS

Minha vida foi um precioso manuscrito de imenso valor.

Nele nunca perdi tempo com penas douradas ou tintas coloridas.

Anos a fio anotei tudo e não tive o capricho das letras góticas que pela beleza distânciam o conteúdo da compreensão.

Ultrapassei as dimensões dos prefácios apegados a matéria e me lancei no espírito da liberdade. Aquela sonhada por muitos, mas que poucos passaram da porta da rua, começo da vida.

Senti o verdadeiro sentido da vida pautado nos limites da razão. Não dei asas a imaginação num voo fantasioso, trevas do ostracismo.

Foram centenas de páginas, mas nenhuma reclamou a repetição da anterior. Segui a linha reta sem pestanejar para não pular, omitir, linhas importantes.

Assim, penso que perpetuei meu testamento sem plagiar como os copitas de outrora, pois a vida não é imitação. Certo é que nunca voltarei a ser a mesma criança que brincava de pipa, que apagou no tempo.

Fecho o ciclo de minha geração acreditando na missão a que fui designado.

E como bem disse Quintiliano, Não devemos dilatar-nos demasiadamente nas narrações, assim sendo, ponto final.

Estêvão Zizzi
Enviado por Estêvão Zizzi em 19/05/2014
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