As Copas em Minha Vida (II)

Como disse no capítulo anterior, eu já estava em Pelotas no ano de 1986 e me preparava para entrar na primeira série lá no Fernando Treptow após dois anos de classe especial.

A ida a escola foi uma mudança e tanto pra mim. Enfrentaria novos desafios e faria alguns amigos também.

E combinado com o início da minha era escolar, iniciou-se a Copa do México, a terceira copa de minha vida.

Lembro-me de que foi a primeira Copa do Mundo que vi em cores, com uma televisão enorme que o pai havia comprado meses antes. E onde o moleque aqui jogou uma bola de gude no vidro, formando uma pequenina rachadura. Imagine só o fuzuê que ocorreu por causa daquilo. Mas que me diverti fazendo isso, me diverti sem dúvida nenhuma.

Uma das coisas que me marcaram naquela Copa foi aquela música da seleção brasileira chamada Mexe Coração onde ainda canto até hoje. Aquilo nunca saiu e jamais sairá da minha memória.

E foi naquela televisão com a marca da bola de gude que fiz, vi craques como Platini e Laudrup fazerem suas magnificas jogadas, grandes partidas entre grandes seleções, belos gols e tudo o que um menino de dez anos pode sonhar em assistir.

Um desses jogos me marcou não pelo resultado em si, mas por uma notícia muito boa naquele dia 2 de junho. Foi aquela goleada da União Soviética sobre a Hungria por 6 x 0 e me lembro que foi depois daquele jogo, tinha nascido o Yuri, um dos meus primos e uma das melhores pessoas que conheci nesses meus 38 anos de vida.

E ali também vi uma das mais terríveis desclassificações do Brasil na história das Copas, em um jogo épico contra a França. Teve o gol do Careca no início do jogo e logo em seguida, o Platini empatou em uma falha da defesa. Aí no segundo tempo, veio o pênalti sofrido pelo Branco, se não falha minha memória, e o Zico bate a meia altura pro Joel Bats pegar e destroçar muitos corações brasileiros.

O pior ainda estava por vir naquela disputa por pênaltis. Sócrates e Júlio César erraram suas cobranças e apesar do Platini errar sua cobrança, a França tinha vencido aquele jogo e feito muita gente chorar aqui, inclusive eu.

Assisti depois o maior dos golaços de todas as Copas do Mundo feito pelo Maradona contra a Inglaterra onde partiu do meio campo, deixou cinco ingleses pelo caminho e tocou a bola para o fundo das redes. Foi um privilégio ter visto aquele gol.

E depois daquele gol, os jogos lá na pracinha da Cohabduque nunca mais foram os mesmos.

Todo mundo agora queria ser o Maradona e marcar aquele gol igualzinho ao dele e todos agora queriam driblar, chutar e marcar gols bonitos.

Quer dizer quase todo mundo porque eu sempre fui um perna-de-pau desde que o mundo era mundo. Jogava mais como um zagueiro botinudo e adorava dar caneladas nos adversários. Tenho que dizer que concordo com o Felipão quando disse que no pé dele a bola chorava.

Era exatamente o meu caso nessas partidas.

E então, de tanto ser perna-de-pau, acabei bancando o goleiro e lá fiquei até os dias de hoje.

Bancando o goleiro solitário debaixo das traves, fazendo defesas impossíveis e tomando frangos homéricos.

Então, esperei até 1990 para saber se as coisas seriam diferentes e veria enfim o Brasil campeão do mundo.

Será que isso aconteceu mesmo?

Veremos isso muito em breve.

MarioGayer
Enviado por MarioGayer em 18/05/2014
Código do texto: T4810953
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.