VOCÊ NÃO É CIDADÃO, NÃO É HUMANO, É TRAVESTI
As pessoas não querem saber de sua natureza: Você não é cidadão, não é humano, é TRAVESTI!
É o pensamento da massa, da maioria da sociedade que se diz civilizada. Compram a ideia massificada de que toda travesti é prostituta, devassa, faz programa, deve ser tratada como o lixo da sociedade: Xingam, agridem, maltratam, violentam, arrancam as orelhas e os olhos, tocam fogo, cospem, sacaneiam, assediam dentro de ônibus e a sociedade se cala, não diz nada, sorrir, aposta na agressividade.
Triste de quem, ainda criança, demonstra trejeitos. Triste da criança do sexo masculino que apresenta gestos femininos. A família se envergonha, abandona, e a escola nada faz, não existe no projetos político pedagógico propostas de se trabalhar o respeito aos diversos, até porque a sala de aula muitas vezes parece ser um catecismo ou uma escola dominical. Professores formados estão nesses espaços transmitindo achismos e crenças cristãs.
A criança estigmatizada tem de aceitar calada os insultos, os olhares de reprovação e a censura porque são minoria sem privilégio, mesmo que depois passem a ser as vítimas dos seus agressores, sabendo que muitos iniciam a vida ativa sexual com os próprios colegas da escola, quando não, são assediadas, abusadas sexualmente por parentes próximos, até abandonar a escola e ser o quê na vida?SOBREVIVÊNCIA! Passam a ser doméstica na casa dos insultadores, manicure para aquelas que instigam os xingamentos e amantes nas camas daqueles intolerantes. Com um nome social e nova identidade, vão para as BR fazer programa, custear a sobrevivência: longe da escola, longe da família, distante dos direitos assegurados, sem nenhum reconhecimento social.
TRAVESTI é cidadã! É assegurada pelo direito de igualdade: direito à vida, à segurança, à saúde, à moradia... Direito de ser respeitada em sua individualidade, direito de ser construída socialmente e reconhecida como cidadã. De usar o nome social que a representa, de ser atendida no posto de saúde e de ser protegida diante de constrangimentos.
As brigas travadas pelo movimento LGBTT têm conquistado muitos direitos, visões diversas, opiniões diversas, têm resultado em projetos de leis pontuais, em políticas públicas para o reconhecimento e a melhoria de vida, mas ainda falta muito.
Muitas, na escola, conseguem terminar o ensino médio e já ganharam o direito de serem chamadas pelo nome social, outras já estão no ensino superior e já exitem travestis mestras e doutoras. Mudaram de profissão, estão no mundo do trabalho, estão se casando e adotando filhos, provando que uma chance, uma oportunidade, o olhar de respeito significa muito, dignifica muito, inclusive quando há o apoio da família e da escola. Mas, para o olhar do preconceituoso, não passa de um sem vergonha, de um homem querendo ser mulher, de um veado que merece ser estigmatizado pela sociedade, ser repudiado, merecedor de todo repúdio, toda grosseria, porque travesti é sinônimo de prostituição, de saco de pancada. E mesmo sendo prostituta, não merece ser respeitada? Quem pelas noites saem em seus carrões a procura do aconchego desses corpos? Quem financia a prostituição? Os mesmos que durante o dia instigam o repúdio, a agressão, os atos de violência...
Basta, basta, basta! Por uma sociedade justa, por uma convivência pacífica, por respeito aos diversos....
A travesti é de carne e osso, tem raciocínio e muita emoção. São sensíveis e, acima de tudo, pessoas humanas que merecem tratamento igualitário como todo cidadão.