Motivo – catucando internautas das redes sociais
Pré-escrito
Há em uma rede social um dispositivo chamado de”cutucar”. A finalidade acredita o cronista que é incentivar as interelações virtuais entre os usuários.
Quando você abre a sua página, seu perfil, lá está “fulano cutucou você”. E aí você corresponde “catucando” de volta ou manda uma mensagem “in box” ou não faz nada – o interessante dessas redes é como elas facilitam a Globalização até das línguas: a mesma que usa a linguagem popular “cutucar” ou “catucar” utiliza a “in box” – popular e estrangeirismo.
E aí a língua luso-brasileira que já abusava da língua purista portuguesa se esbalda: catucar ou cutucar, tudo é popular – não é a Língua Portuguesa fruto do estupro do Latim que de tanta violação já é língua morta e que deu origem ao Francês, Espanhol, Italiano, viva e moderna?!
O cronista não quer catucar e nem cutucar na rede social. Ele quer mexer com pessoas e provocá-las através de sua crônica, de seu texto. E por isto e por aquilo eis aqui compartilhado – quem quiser que curta aqui – MOTIVO:
Eu escrevo porque, e tem gente boba que me diz “escrever não é para qualquer um não” – ladra feito cadela prenha a guardar o ninho – é remédio para eu tirar esta ideia torta e lançá-la no papel como ao defunto se lança ao chão. Ela, esta ideia, quer me fazer pessoa morta e aí eu a mato antes e a lanço no sepulcro.
Eu escrevo como quem acendia o cigarro.
Eu escrevo como alcoólatra que se desculpa: “Eu bebo socialmente... só às vezes” e acaba bebendo todo dia. Porque todo dia se convive com alguém. Um dia é festejo, outro dia é lamento e outro dia é comemoração e outro dia não há ninguém e aí o ébrio bebe por estar solitário. Eu, e, porque brotou a ideia, inventei uma desculpa, e vi alguém e... Por estar comigo só, eu escrevo para estar contigo que me lê. E escrevo aquele “e” ali depois do “Eu” e coloquei a vírgula para provocar puristas e cuidadores e aos que enchem a paciência pensando e indagando: “Por que ele escreve?! Nem sabe fazê-lo e põe os termos da oração fora de ordem, sem cuidado!”
Não, não escrevo para publicar livro. Não que eu tenha modéstia. Digo sempre: Modéstia é valor de contenção criado no medievo para conformar a mediocridade. E publicar livro para quê? Ficam uma fortuna os gastos que se tem com este capricho. E não há retorno financeiro. Só possíveis elogios: uns sinceros, outros falsos e outros só por educação.
Não, não escrevo para publicar, porque livro-papel está condenado a desaparecer como os papiros foram sentenciados. O papel é causa de desmatamento e depois vira lixo, ou é encostado em algum lugar para amparar poeira e servir de ninho para mofo ou ácaro e só ocupa espaço.
Redundante a ideia, mas para reforçá-la: o livro-papel terá o mesmo destino que os papiros tiveram. Desaparecerão! Como os pairos foram substituídos pelos livros-papéis estes serão substituídos pelo “negócio da china” do futuro que já é presente: E-books.
Não, não escrevo para publicar, porque não preciso massagear meu ego e a minha vaidade não passa por aí. Ela passa pela ideia torta que a quero morta antes que ela me mate.
Não, não escrevo para ser “Imortal” de academia de letras. Pobre Machado que criou a brasileira. E agora levou a machadada de aparecer alguém, formado em tetras, que quer reescrevê-lo para simplificá-lo e atualizá-lo. A este alguém sim, os cães, os lobos e os leões deveriam arreganhar os dentes e latir, ladrar e rugir dizendo: “Escrever não é para qualquer um. Haja vista que, incapaz de criar, de se atrever, quer atualizar o clássico e facilitar o que é parâmetro, ou deveria sê-lo. Não, escrever não é para qualquer um não, mesmo!”
Eu escrevo por que... Qual era mesmo a dor que doía? Nossa! Passou o tempo e o cronista nem se deu conta. Havia aquela tarefa... Deixa o escrevente ir cumpri-la! Depois o cronista volta para escrever mais para o horror dos guardiões da gramática e da norma culta se ocuparem em criticá-lo. Mas tomo Manuel Bandeira como advogado:
“estou farto do lirismo que pára e vai verificar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo / Abaixo os puristas/ Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais/ Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção/ Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis...” *¹
Aguarde o cronista aí, papel e caneta, que depois ele volta, pois escrever é preciso.
(E o papel e a caneta não querem que o cronista vá. Ele, o cronista por sua vez, tem medo de deixá-los e a ideia torta tomar conta e matá-lo...
...o cronista voltou, porque, quase se esqueceu de fechar este parênteses). Pronto! Fechou e... Foi-se.
Preleção. Vocação.
Pós- Escrito
O cronista voltou. E como a sua avó dizia: “Aqui se fala e aqui se paga”, o falante acaba pagando pela sua língua (ou escrita) e ainda publica um livro! #protofaleiedisse , como as histéricas do facebook fazem na rede social quando estão raivosas, Sobretudo.
De cutucada se vive!
Risos para todos os gostos: kkkkkkkk / rs rs rs rs rs / risos risos risos
Afinal, rir é o melhor remédio!
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 18/05/2014.
*¹ Poética. Manuel Bandeira. Os cem melhores poemas brasileiros do século.MORICONI, ÍTALO-Org. Objetiva.