DE LAGARTAS ÀS BORBOLETAS
Nestes tempos de combate aos gêneros, tempos em que os documentos começam a registrar parceiros, diferentemente de pai e mãe temos que ter cuidado para não nos transformarmos em lagartas.
Todos os anos espero a Primavera, suas flores e frutos, pássaros, ninhos e filhotes. Espero tudo que tem o sopro da vida.
Em 2008 tive uma planta atacada por lagartas, então com a ajuda de um arame jogava-as no chão e passava o pé, restava um a mancha verde.
Esta atitude trazia lembrança do tempo de infância e do ataque das lagartas nos pés de couve, por debaixo das folhas os ovos, que logo se transformavam em minúsculas lagartas, naquela época o enfrentamento era com a mão mesmo.
Em 2008 uma das lagartas fugiu do alcance do meu pé e começou a escapar, no caminho chamou a atenção do Mingo, uma luta desleal, o Mingo com 32 kg e uma mordida de no mínimo 400 kgf, curioso cheirava até que passou a pata tentando puxá-la, pronto a lagarta estava ferida gravemente.
Aquilo tudo não era necessário, então senti vontade de ser pai novamente e dei de mão numa embalagem de água mineral de 5 litros e produzi alguns furos para ventilação, catei todas as lagartas que estavam a vista e coloquei-as no recipiente, selecionei as folhas mais velhas das plantas e juntei-as as lagartas, passados alguns dias já não havia mais os bichinhos como lagartas estavam todos pendurados na parte inferior da tampa em forma de casulo.
Na manhã de quarta-feira de cinzas daquele ano o recipiente tinha mais de 15 borboletas se debatendo, soltas se foram sem nem mesmo chamar-me de pai ou mãe, mas isto não importa, se pai ou mãe, se não se despediram. O que importa é que as lagartas voltam todos os anos.
Lagartas são bichos feios e as vezes perigosos, por algum tempo.
Sejamos pai ou mães não importa, mas sejamos.