O Frio - Uma Crônica Sem Intenções ou Pretensões
O frio para mim, rima com... paraíso. Andei mais de cinco quilômetros, apreciando a paisagem e sentindo o ventinho gelado no rosto, mas ao mesmo tempo, sem sentir frio ou cansaço. Ao final da caminhada, fui até a padaria do bairro e comprei meu picolé Magnum, porque afinal de contas, ninguém é de ferro... e mesmo que seja inverno, eu jamais dispenso picolé e sorvete.
Cheguei em casa e fiz de tudo: passei a roupa, varri a varanda, arrumei tudo, preparei o almoço e as aulas da tarde. Tudo sem sentir cansaço e sem suar! Eu detesto suar. Quando está frio, eu tomo meu banho de manhã cedo e me sinto limpa e refrescada o dia todo. O cabelo não emplastra, e ainda está com o cheirinho do xampu.
Durmo bem, acordo descansada. Na hora do almoço, vou lá para fora e fico ao sol, chegando até a dormir um pouquinho na rede com o sol no rosto, e a pele nem chega a ficar vermelha - adquire apenas um tom rosado saudável que na manhã seguinte já desapareceu: a maquiagem do sol.
Eu amo o outono e o inverno! Os passarinhos e colibris, que tinham fugido do calorão do verão, voltaram com força total, enchendo os comedouros e bebendo das minhas garrafinhas. Sobre o gramado, uma miríade de borboletinhas pequeninas e multicoloridas... os esquilos passeiam sobre o muro, levando coquinhos na boca.
À noite, a lua e as estrelas brilham tanto, que chegam a cintilar. A atmosfera fica límpida, e durante o dia, o azul do céu é forte e uniforme. As folhas das árvores parecem ter sido lavadas, de tanto que brilham. E nesses dias claros e frios de outono, eu sinto como se pudesse caminhar quilômetros e quilômetros. Parece que eu rejuvenesço.
Os anéis dançam confortávelmente em volta dos dedos, pois não há inchaços. As roupas se ajustam ao corpo com perfeição. Eu queria que fosse sempre outono e inverno. Queria que a maioria dos dias fossem assim, frios e azuis.