A COPA DO MUNDO QUE O BRASIL REJEITOU

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“Você conhece uma favela no Rio de Janeiro? Você já viu a seca do Nordeste? E você acha que eu vou gastar dinheiro com estádio de futebol” .

Com essas perguntas, o último ex-presidente militar João Batista Figueiredo, respondeu ao então presidente da Fifa, João Hevelange quando este o procurou para perguntar se o Brasil não gostaria de sediar uma copa do Mundo, em 1986! A decisão contrária do Governo Militar foi transmitida à imprensa pelo então porta-voz da Presidência da República, Carlos Átila. Naquele ano, o Brasil vivia uma grave crise econômica e o presidente da república determinara “irrestrita austeridade”, segundo despacho interno da presidência.

Os mesmos problemas permanecem existindo no Brasil 28 anos depois, mas o Governo Federal do PT aceitou o desafio de construir Estadios ao estilo FIFA de qualidade, investindo milhões em mobilidade urbana e outras obras, mesmo com seguidas denúncias de superfaturamento e desvios de verbas, contrastando diretamente com a falta de investimentos em hospitais, escolas, saneamento, habitação, com atendimentos médicos sendo feito nos correadores por falta de leitos e macas, com a política de transferência de renda à população pressionando para cima a arrecadação do Governo Federal e com o ínfimo reajuste na tabela de Imposto de Renda, deixando de fora despesas básicas com educação, mola mestra do desenvolvimento econômico sustentável, por exemplo. Tudo isso revolta socialmente o povo!

As “questões sociais” que o povo carente vive, passaram a ficar cada vez mais visíveis aos olhos de todos. As exigências de Escolas, Hospitais comparados ao padrão FIFA ecoaram pelas ruas do Brasil, além de outras exigências ao padrão FIFA de qualidade.

Mas, agora, começou a circular pelas redes sociais uma suposta denúncia atribuída a Mário Jorge Lobo Zagalo, dizendo que “as bandeiras não tremulam, apitos e camisetas estão espalhadas nas lojas. O Brasil as vésperas da Copa, não está vibrante em Verde e Amarelo (…) Diz mais, que o Brasil estaria “vermelho, vermelho de vergonha, vermelho de ver tanta corrupção nunca antes (vista), vermelho de ver tanta maracutaia, tanta cara de pau dos nossos governantes” e concluindo que “estamos vermelho (SIC)” porque o PT teria tirado do povo brasileiro até o que mais ele gosta: o futebol e que o Brasil estaria se tingindo de “vermelho” de corrupção, onde antes tremulava somente o nosso “nosso verde e amarelo” .

Em primeiro lugar, a frase do ex-presidente Figueiredo está publicada no Jornal Zero Hora do 11 de março de 1983. A notícia sobre as supostas declarações atribuídas à Zagallo está circulando só pelas redes sociais, mas jamais o campeão do Mundo pela Seleção Brasileira como jogador e técnico, diria uma coisa tão politizada ao ponto de se meter em política, coisa que ele nunca fez. Celina Márcia Composé, de quem recebi a mensagem, como pedi para que confirmasse a veracidade da notícia, recebera de seu namorado José Roberto: “Isso ai não é dele nunca mesmoooooo. O Zagallo não diria isso ai jamaisss na vida, rss. Não é do jeito dele”.

Como afirmei há dois anos, na crônica “A pobreza e a Copa do Mundo de 2014” (in carloscostajornalismo.blogspot.com), reafirmo mais uma vez que historicamente os pobres sempre foram considerados um “um estorvo social, um atraso” em qualquer cidade do Norte ao Sul do Brasil, mais agora, quando todas as cidades sedes da Copa do Mundo precisam remover vendedores ambulantes das ruas sem destinar-lhes um local digno e decente para que possam se sustentar e a suas famílias, tudo visando o espetáculo da Copa de 2014! Isso ocorrerá só para que os turistas possam ver as cidades sedes como são limpas, sem camelôs, sem pedintes, com ótimos estádios e boa mobilidade urbana, etc., etc”

Mas espero que o Brasil melhore, embora não acredite que isso ocorrerá, sem que, antes, ocorra uma profunda mudança no comportamento político e administrativo no Brasil, com redução real na carga tributária e fortes investimentos em construção de hospitais, tratamento nacional para pessoas envolvidas com drogas, enfim, atendimento à população condizente com a pesada carta tributária que o Brasil paga.

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 12/05/2014
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