MAIS UMA MULHER É MORTA PELA FÚRIA E A BARBÁRIE!
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Como um ou mais aparelhos de Estado estão falhando seguidamente, uma nova mulher foi agredida e morta por espancamento, por causa do roubo de um pacote de biscoitos. Isso é lamentável! Foi a terceira vítima inocente em menos de um mês, a morrer por espancamento pela fúria assassina de membros da sociedade, mas sem culpa ou apenas por culpa social, como foi no último caso mais recente. Essa reação da sociedade fazendo justiça pelas próprias mãos é uma barbárie e precisa urgentemente ser interrompida por ação mais ágil de quem investiga e de quem julga. Caso contrário, novos linchamentos de inocentes ainda poderão ser registrados.
Esse é um sinal claro de que a sociedade brasileira não confia mais em suas instituições chamadas de “aparelhos”, principalmente os de repressão, a polícia e o de punição, a justiça, no qual são permitidos seguidos e infindáveis recursos protelatórios ou procrastinatórios em alguns processos simples, como foi o caso do ex-deputado paranaense Carli Filho que, embriagado e em alta velocidade, atropelou e matou dois jovens no Estado do Paraná. Carli Filho renunciou para evitar a cassação, mas até hoje não foi julgado e talvez nem o seja. O mesmo ocorre com motoristas bêbados que nunca são autuados como tal e seus advogados sempre encontram brechas na lei para alegar suas inocências.
Os aparelhos de Estado foram criados nos séculos XV, aprimorados no Século XVI e aperfeiçoados - como permanecem até hoje - no século XVII para manter o controle da sociedade coletiva e zelar pelo bem-estar de todos desde quando o homem abriu mão de viver no Estado de Natureza para viver em uma sociedade gregaria, com um Contrato Social. Mas hoje, parece que algum desses aparelhos deixou de funcionar, ao ponto de a sociedade voltar a praticar a justiça pelas próprias mãos, evidenciando um novo e preocupante cenário social de que alguma coisa está errado.
Definitivamente, os aparelhos reguladores da ordem social estão ficando desacreditados, suas instituições quase não funcionam e, quando funcionam, são lentas demais e, a sociedade tem pressa. Mas não será a justiça pelas próprias mãos que resolverá a questão. Talvez uma implosão social sim, porque as coisas devem surgir de dentro de cada indivíduo, transformando-se e mudando seus valores para se alcançar um todo desejado e a paz social. A Justiça pelas próprias mãos, com linchamentos por bobagens, por boatos espalhados em redes sociais, não é, nunca foi e nunca será a solução para resolver os conflitos sociais, embora os meios legais sempre demorem demais porque alguma coisa está falhando em alguma parte.
Depois de uma página em Guarujá ter publicado a foto de uma suposta sequestradora de crianças, uma inocente dona de casa foi linchada impiedosamente e o autor da página, embora diga agora que não mandou matar ninguém, no mínimo foi irresponsável e gerou um clamor público de medo, de revolta e de desconfiança para que se chegasse ao desfecho e a proporção que se chegou, ao ponto de se tirar a vida de uma doméstica trabalhadora, que aliás fora filmado inclusive na presença de crianças.
O autor da página de Guarujá deve responder pelo crime porque se ele não tivesse publicado a suposta foto, nada teria acontecido. Concordo que ele não mandou matar ninguém, como alegou seu advogado, mas com esse fenômeno novo de se fazer justiça pelas próprias mãos, três pessoas mulheres já foram linchadas impiedosamente no Brasil. Só que no último crime ocorrido, três pessoas foram presas e admitiram ter levado a vítima, uma manicure de 26 anos, da favela de Assucará, em Osasco e ter participado de seu linchamento. Já a manicure foi assassinada por ter furtado um pacote de biscoito.
Mais do que nunca, prova que a sociedade não confia mais nos aparelhos de Estado que foram constituídos para dirimir os conflitos sociais entre as pessoas, desaparecendo por completo o que foi pensado nos séculos XV, XVI e XVII pelos pensadores do modelo social. Mais do que isso, esses eventos comprovam apenas que há um fenômeno social novo e que o Governo terá que enfrentá-lo com pesquisa e mudar o que precisará ser mudado, ajustar o que deve ser ajustado e melhorar o que está ruim.
Será que os pensadores Hobbes, Johan Lock e Rousseau terão que sair do túmulo onde descansam para de novo ensinar tudo sobre o que pensaram sobre o que venha a ser um Estado de Bem Estar Social? Espero que não seja preciso!