Socorro! A educação no Brasil pede socorro.
Socorro! A educação no Brasil pede socorro.
Falar sobre práticas de leitura e escrita nas escolas brasileiras sempre foi muito difícil para mim, uma vez que a minha experiência nessas áreas não foi muito boa. Isso porque estudei a vida toda em escola pública, e durante praticamente toda minha vida escolar deparei com professores preocupados em correr com o programa de gramática, não se preocupando muito se o aluno entendia ou não o contexto do que estava sendo explicado: o importante era que o aluno decorasse as regras gramaticais.
Sendo assim quase não havia leituras, e quando havia era do tipo: leia um livro e faça um resumo sobre a obra. Nossa! Era um terror! Sim, porque afinal a gente não sabia nem o que era resumo e não havia nenhum incentivo à leitura como um hábito gostoso e saudável, esta era vista apenas como uma obrigação e nada mais.
Quanto à escrita, Deus do Céu! O que era aquilo? Havia é claro aula de redação, mas esta era mais voltada para o cotidiano estreito do dia-a-dia de uma família nuclear do tipo: fale sobre seus pais, conte sobre sua relação com seus irmãos, fale de seu cachorro, etc. Agora imagine o estrago que isso fazia na cabeça de uma criança e de um adolescente como eu que vinha de uma família dita desestruturada.
Era triste, afinal eu vivia com minha avozinha e meu tio bêbado, minha relação com meus pais quase não existia e eu não tinha cão porque mal tinha o que comer, quanto mais para alimentar um bicho.
Bom, mas toda essa historinha sobre minha malfada trajetória serve apenas para ilustrar minha opinião sobre as práticas de leitura e escrita nas escolas brasileiras, mas precisamente a falta ou insuficiência dessas práticas.
Sim, porque embora minha experiência nesse quesito seja dos anos 90, acredito que de lá para cá pouca coisa mudou, pelo menos nas escolas públicas (já que quanto as particulares não tenho muito conhecimento para comentar sobre o assunto), no entanto penso que as coisas lá são um pouco diferente, mas só um pouco. Eu explico: é que guardadas as devidas diferenças, a educação no Brasil ainda segue um modelo formal que visa incutir na cabeça do aluno conteúdos já programados, é o que Paulo Freire chamava de educação bancária, ou seja, é uma educação voltada para a reprodução de valores impostos ao aluno, é uma educação fechada, impositora e ineficiente, pelo menos no sentido de uma educação que sirva para formar cidadãos éticos e conscientes de seus deveres.
Isso porque a educação bancária não se preocupa em formar cidadãos conscientes, que saibam pensar por si mesmos, até porque esse não é seu objetivo. Dessa maneira, penso que a educação brasileira, em geral, não está voltada para a formação de seres humanos capazes de enxergar o mundo com seus próprios olhos. Mas, pelo contrário, ela está preocupada que o aluno veja o mundo a partir de seu próprio “mundinho”, ou seja, a partir de valores que são impostos mecanicamente e não adquiridos conscientemente e livremente pelos alunos.
Nesse aspecto acredito que para que nossas escolas brasileiras venham a cumprir seu papel na emancipação e construção da cidadania de seus alunos se faz necessário uma mudança de paradigma. Chega de educação bancária e depositária de valores conservadores. A educação tem que acompanhar as mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais que vem ocorrendo no país.
Dessa maneira, as práticas de leitura e escritas devem levar em conta o novo contexto familiar da atualidade: não se pode pensar apenas na família nuclear (aquela bonitinha, formada por papai, mamãe e filhinho). Chega de educação para a reprodução. Precisamos de educação para conscientização. Basta de educação rígida e normativa. Precisamos de uma educação voltada para a emancipação, mas para que haja emancipação é preciso ter liberdade. Isso porque só a liberdade é criativa e criadora de valores democráticos e emancipatórios. Portanto, chega de professor definindo o tema que o aluno vai escrever na redação, conto, poesia, etc. Isso é absurdo! Ainda mais quando isso acontece numa faculdade dita como uma das melhores do Brasil. Credo! Dá até medo.
Mas como não cabe no âmbito desse espaço resolver os problemas de nossa educação (graças a Deus!), vou me despedindo deixando um alerta: Socorro! A educação no Brasil pede socorro! Vamos ajudá-la pessoal, enquanto ainda há tempo, porque depois pode ser tarde. Sim, depois pode ser tarde, muito tarde mesmo.