O SOM DO SILÊNCIO
Se o silencio pudesse falar por mim ele diria que minhas palavras já acabaram e que não possuo mais nenhum ensejo que proporcione o meu falar, minhas frases são ininteligíveis e minha voz inaudível...
Se o silencio pudesse me dizer a hora oportuna em que devo parar de falar, todos iriam compreender que o que eu falei não foi em vão... O sentido torna-se mais tênue e sutil quando permaneço com as palavras abafadas na profundidade de minha angustia.
Se minha fala pudesse silenciar todas as circunstancias que me amedrontam e me consome, almejo que ela me dissesse que os dias daqui pra frente será melhor e que toda a dor não destruirá minhas forças que me sustenta e forçadamente me mantem de pé!
Se minha boca tentar gritar e minha fala desesperada não for ouvida por ninguém que o som se propague ate a parede de minha alma e me equilibre nesta corda volátil e inconstante que é a vida!
Quando minha mão não puder te tocar e minhas lembranças não puderem resgatar mais o seu cheio que a muito tempo permaneceu preservado em minha memória, lembrarei que em tempo remoto algo de bom aconteceu e que hoje no meio da multidão somos apenas mais um no meio de muitos ambulantes...
E se por um acaso em circunstancias futuras o coração ainda despertar e assimilar o gosto de sua boca, abafarei esse sentimento e me dispersarei no meio de mim a procura de cicatrizar uma ferida que mesmo sarada ainda dói.
Quando meus olhos não puderem mais te ver por não suportar enfrentar a realidade dos fatos, minha fantasia irá mascarar uma realidade que seja mais cômoda e que eu consiga suportar sem comprometer o meu existir.
E quando todas as minhas lagrimas se transformarem em gelo por consequência de um coração cético e frio, irei esquiar nas minhas emoções revivendo os momentos felizes e inflando o meu peito com a efêmera vontade de viver.
E mesmo que o meu pulmão não tenha mais força para oxigenar o meu ser, irei ultrapassar as barreiras mais profunda de minha experiência e resgatarei o que é essencial para permanecer intacto.
E se por um acaso nada disso der certo e mesmo assim o sofrimento e a dor persistir, permanecerei em silencio, clamando que um dia alguém consiga me ouvir e me traga felicidade...
ELAN LIMA 31 DE MARÇO DE 2014