VOVÓ MIRALDA E O COTIDIANO
Pelas ruas ando entorpecida pela indiferença cinzenta e pela reluzente névoa de uma tarde desprendida de verão. Espreitando e fitando acontecimentos do meu cotidiano. De um lado mulheres conversando e contando moedas, de outro, os carros e motos, num total desprendimento no asfalto quente. De repente, o sinal amarelo vira vermelho. São dias comuns, na cidade, os passos e descompassos, me remontam uma panela cheia de pipoca, com a tampa prestes a estourar. Lembrei que tenho contas para pagar e minha aposentadoria para receber. Lembrei que tenho que comprar melancia. O caminhão que por mim atravessa numa rapidez e uma voz rouca que diz:
- Olha, olha, olha, melancia, melancia!
- Olha melancia dona Maria!
- Sai da frente, dona Maria, o caminhão perdeu freio!