Blues Desafinado
Blues desafinado
Desde a primeira vez que te vi, te acrescentei quase que instantânea e automaticamente à lista de pessoas mais incríveis que já conheci. E desde então vi que quem me ilude sou eu, não outrem. Bom, quem sabe esse é meu destino; ou quem sabe você seja.Analisei criticamente teu jeito, e conclui que tu és milimétricamente calculado. Oras, e o que tenho eu a ver? Justo eu, que sempre fui tão incalculada, talvez incalculável. Tão indomável e dominável ao mesmo tempo, na mesma linha, num feixe torto e quase paralelo. Quando me vi ao lado dela não pude deixar de comparar. Ok, tenho certeza que não sabes onde estás se metendo. Por isso recuo; melhor agora que mais pra frente, onde recuar seria me jogar sem querer de um precipício. Mas talvez eu queira correr o risco.
Te pego pela mão e te guio numa dança rodopiante, que nos deixa ainda mais tontos e devaneiados. E se for só uma quimera?, não quero nem pensar. Vem comigo? Desfixe-se de tuas fixações e me deixe te guiar pelo caminho, numa valsa, blues, ou mesmo num rock n’ roll. Ou me guie. Só me tires daqui, me leva pra longe, me abraça distante, me leve adiante. Corre comigo. Se cansarmos, podemos deitar na grama e rir até a barriga doer. E depois seguiremos cada vez mais. É claro, se tu quiseres. E se puderes me aguentar. Mas olhe, eu sou um pé no saco: não diga que eu não avisei.