A visita

Sai. Fui ali.

Quis me embelezar e ver se a beleza da carne reluzia pra encobrir a sujeira que a podridão da alma entranhava nas ventas dos que se aproximavam de mim.

Fui ali. Sai.

Quis maquiar a cara manchada pelas lágrimas e ajeitar o cabelo embaraçado motivado pela preguiça que assolava minha carne. Preguiça? Eu falei preguiça?

Acho que me expressei mal, não é preguiça. É resultado mórbido da vasta assolação que fui submetida.

A alma está ferida e a voz sangrando, porém atitudes contidas parecem transmitir falsa calmaria

A voz precisa manter-se escassa de fato. Não sou muito boa em palavras, geralmente falo verdades ferozes e em sua grande maioria os seres que se dizem humanos não estão preparados para ouvirem certas “verdades”.

Verdades que mais parecem serem somente minhas. Ideologias de uma pobre e inútil alma.

Sai. Fui ali.

Quando finalmente atravessa a fronteira entre agora e o sabe se lá deus onde eu estaria, veio a visita.

Senhor H, um cara cagado mais limpo, pessoa de alma egoísta, mas com idéias humanas.

Voltei.

E sua visita me fez embelezar a alma. A carne? Ah! Quanto à carne ainda está tudo manchado e embaraçado, mas a alma desabrocha certo ar de paz.

Lótus Maktub
Enviado por Lótus Maktub em 11/05/2014
Código do texto: T4802653
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