A visita
Sai. Fui ali.
Quis me embelezar e ver se a beleza da carne reluzia pra encobrir a sujeira que a podridão da alma entranhava nas ventas dos que se aproximavam de mim.
Fui ali. Sai.
Quis maquiar a cara manchada pelas lágrimas e ajeitar o cabelo embaraçado motivado pela preguiça que assolava minha carne. Preguiça? Eu falei preguiça?
Acho que me expressei mal, não é preguiça. É resultado mórbido da vasta assolação que fui submetida.
A alma está ferida e a voz sangrando, porém atitudes contidas parecem transmitir falsa calmaria
A voz precisa manter-se escassa de fato. Não sou muito boa em palavras, geralmente falo verdades ferozes e em sua grande maioria os seres que se dizem humanos não estão preparados para ouvirem certas “verdades”.
Verdades que mais parecem serem somente minhas. Ideologias de uma pobre e inútil alma.
Sai. Fui ali.
Quando finalmente atravessa a fronteira entre agora e o sabe se lá deus onde eu estaria, veio a visita.
Senhor H, um cara cagado mais limpo, pessoa de alma egoísta, mas com idéias humanas.
Voltei.
E sua visita me fez embelezar a alma. A carne? Ah! Quanto à carne ainda está tudo manchado e embaraçado, mas a alma desabrocha certo ar de paz.