COPA DO MUNDO

E a copa do mundo já estava em andamento em 2002 e eu resolvi fazer uma visita a minha irmã no bairro da Vila Maria Alta em São Paulo, Brasil.

E lá estava eu sentado confortavelmente no sofá da casa da minha irmã Sônia conversando sobre tudo com o meu cunhado Antelmo e o meu querido sobrinho Evandro fez-me um pedido:

- Tio, que tal a gente fazer alguns desenhos e pintar a rua Santa Fé do Sul?

Aprumei-me e fiquei pensando se poderia ajuda-lo e questionei se já existia infraestrutura para começarmos a pintar a rua e foi quando ele disse:

- Ora tio não há necessidade de nada, queremos apenas que o senhor desenhe a bandeira do Brasil e alguns desenhos na rua e amanhã eu vou de casa em casa solicitando ajuda para comprarmos as tintas necessárias para pintarmos os desenhos.

Olhei para relógio e os ponteiros assinalavam 18h30min, levantei-me e disse: Posso desenhar a rua toda mas necessito beber algumas cervejas, é possível? O meu sobrinho disse: Claro tio, dinheiro para comprar as cervejas nós temos.

Imediatamente subi vagarosamente as escadas da casa da minha irmã com alguns giz nas mãos e resolvi iniciar o desenho da bandeira do Brasil bem em frente da casa da minha irmã e vários garotos moradores da rua e os meus sobrinhos começaram a ajudar a esticar o barbante que serviria para começar a esboçar os primeiros traços da nossa querida bandeira nacional.

Passados alguns minutos a bandeira já estava totalmente desenhada e foi quando eu disse:

- Mas onde está a cerveja que vocês prometeram? Não existe cerveja, não existe desenho e resolvi abandonar tudo e voltar a sentar no sofá da sala da minha irmã.

Meu sobrinho apareceu na porta da sala e pediu para eu ir até a rua e ver a surpresa que eles tinham preparado para mim e foi quando eu cheguei no portão e avistei uma enorme mesa de madeira colocada bem no meio da rua e ao lado uma imensa caixa de isopor lotada de garrafas de cervejas nadando em gelos e eu disse: Os desenhos continuam e por favor enche o primeiro copo de cerveja e arrumem uma maneira de interditar a rua para podermos trabalhar com mais segurança.

Comecei a desenhar o piu piu chutando uma bola de futebol e quando eu estava concentrado no desenho e a rua já estava totalmente interditada com um carro do meu irmão em uma ponta e outro carro na outra ponta apareceu um garoto e questionou-me:

- O senhor é desenhista? Faz grafite? E eu agachado levantei-me e disse:

- Eu não sou nada, apenas aprendi alguns traços rudimentares de desenho e atendendo ao pedido do meu sobrinho resolvi traçar estas pífias linhas no asfalto.

O garoto sorriu e disse se eu aceitava uma ajuda para desenhar a rua e eu imediatamente disse que qualquer traço seria bem-vindo. Sentei-me sobre a mesa e enchi meu copo de cerveja e fiquei a apreciar a habilidade daquele pequeno garoto que em apenas alguns minutos desenhou vários desenhos sobre o asfalto.

Calmamente aproximei-me do nosso recém chegado desenhista e disse: rapaz, quanto talento! Onde aprendeu tudo isto? O jovem sorriu e disse: Trabalho como desenhista em uma agência de publicidade e vendo toda esta alegria e todo o esforço do senhor resolvi ajudar.

A partir daquele momento eu era apenas um mero coadjuvante do desenhista que tinha chegado sorrateiramente e estava colocando todo o talento sobre o asfalto.

Terminamos de desenhar já passava das quatro horas da manhã e o mais lindo era observar a felicidade estampada no rosto dos garotos da rua que reunidos agradeceram a nós e foram dormir prometendo que no dia seguinte todos os desenhos seriam pintados.

LUCASI
Enviado por LUCASI em 10/05/2014
Código do texto: T4801348
Classificação de conteúdo: seguro