O meu diabetes e a lei de Gérson!
Não sou daqueles que querem tirar vantagem em tudo. Só em boa e maior parte das coisas, Por que não? Em um país em que o político aumenta seu salário à níveis que qualquer saleiro não comporta, e o aumento de salário do trabalhador é igual o sal de saleiro de pensão; custa a sair, por que deverei eu ficar esperando a benevolência alheia para ter o direito de ser feliz? Estou com a Lei de Gérson que não uma Lei, mas é uma "lei" que funciona como elemento na definição da identidade nacional e o símbolo mais aguçado da nossa ética ou falta de ética! A Lei de Gérson é para quem "gosta de levar vantagem em tudo", no sentido de se aproveitar de todas as situações em benefício próprio.
Antes eu era passivo a certas situações, como a exemplo a falta de troco. Ia pagar alguma coisa e a ou o caixa alegava que não tinha como dar o troco das frações. Eu, gentilmente concordava em arredondar o valor para cima; agora é para baixo! Não tem troco? Arredonda para baixo, e nada de me mandar voltar para pegar depois, senão cobro a ida e vinda, e ai fica mais caro que o infra-arredondamento. Pelas minhas estatísticas no ano passado ganhei apenas R$ 3,20 (três reais e vinte centavos) com os arredondamentos para baixo, mas em compensação economizei a quantia de R$ 108,35 (cento e oito reais e trinta e cinco centavos) que eu perderia aceitando o arredondamento para o alto.
Tirar vantagem não quer dizer enganar o próximo. Está muito mais em você ter lucro – honesto – em negócios efetuados, em comprar com qualidade, e brigar por juros reduzidos, e descontos que poderiam se perdidos. Levar vantagem também é escolher melhor do que a prima ou o primo o esposo ou a esposa. Hoje quem se candidata ao casamento deve ter em conta a conta que isso gera. Entre as cândidas a esposa, por exemplo, deve-se classificar a que saiba fazer bife a milanesa com casacas de banana e que tenha preparado a farinha de rosca com aproveitamento do farelo do pão. Aquelas que sofisticam os pratos com o tal de champignon são esposas gastadeiras, trazem menos vantagem.
Do lado oposto, escolha um marido que goste de fazer caminhadas. Assim ele vai e volta a pé para o trabalho, sobrando dinheiro para alugar um DVD no fim de semana. Cinema? Está fora de moda ainda mais com o progressivo aumento de preço dos chicletes e das pipocas! Mas nessa linha de tirar vantagem descobri uma vantagem em ser diabético. A diplopia (visão dupla) comum aos portadores desta doença, igual a mim. É que um dia destes em plena crise de diplopia, dei uma parada na esquina para que a visão volta-se ao normal, e justamente naquele exato momento cruza a minha frente uma morena escultural, um “avião” que nenhum controlador impede a decolagem. E enquanto os demais que ali estavam viam apenas uma bela mulher, eu diabético enxergava duas. Levei vantagem!
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(*) Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, 59 anos, e identificou seu diabetes há seis anos. Desde este tempo a sua vida mudou... Mudou para melhor a medida que criou disciplina, ficou mais caseiro, mais amoroso com a família, mais refletivo sobre as bênçãos que Deus nos dá mesmo que por “linhas tortas”!