O menino e o passarinho
Há pessoas que plantam árvores e poesias, há outras que semeiam a discórdia e derrubam a vida. Em um mundo, onde a palavra “destruição” parece ser mais forte que “ecologia”, surgem meninos e passarinhos, que contra tudo e contra todos, plantam esperança e colhem alegria.
O menino tinha ouvido a estória do passarinho que trás água no bico para salvar a floresta em chamas. Enquanto todos os bichos correm, fugidos; o passarinho faz o caminho inverso, voa na direção do perigo, e como se tivesse enlouquecido, volta diversas vezes à floresta incendiada, carregando água e jogando no fogo, tentando apagar o incêndio.
Se o passarinho ficou doido, louco também ficou o menino, quando um dia, deixou de comprar seu gibi preferido e comprou um punhado de sementes. Ele havia enfiado na cabeça, depois de ter assistido um documentário sobre as queimadas na Floresta Amazônica, que não ia permitir que o verde virasse cinza, e deixasse de existir. Feito o garoto do conto “João e o Pé de Feijão”, enquanto carregava o saco de sementes em suas mãos, ele desejou ardentemente, que aquelas sementes fossem mágicas e pudessem povoar os desertos com matas; transformar terrenos baldios em parques, reverter às queimadas, e como se saciasse a própria sede, chegou em casa, jogou sua mochila na sala e correu para plantar as sementes no seu quintal.
Seu irmão, feito os bichos fujões, observando a plantação, aproximou-se e perguntou:
- O que você está fazendo?
- Plantando árvores! - respondeu o menino.
- Para quê?
- Para salvar o mundo - explicou o menino - As árvores estão desaparecendo e depois de tudo o que elas nos deram, o mínimo que podemos fazer é replantar.
- Você é bem burro, guri! - criticou seu irmão - Acha mesmo que o seu punhado de sementes fará diferença em um mundo, onde se derrubam mil árvores por minuto?
O menino, encarnado de passarinho, olhou para o irmão e falou:
- Eu pertenço ao time que acredita que “cada um deve fazer a sua parte”. E você, a que time pertence?