Palavras Formosas
A maioria das pessoas esqueceu a língua dos Deuses, o que restou no lugar foi a língua vulgar que se perde em si mesma e se embeleza em seu eco, afastando os homens do conhecimento do principio dos tempos.
Há poucos, os ousados, que se calam e percebem que na harmonia do silêncio, a lembrança de certos símbolos emerge e parece falar uma língua esquecida que faz mover os lábios e transforma o ar que entra pela garganta em um som poderoso que faz evocar os Deuses de novo.
Diante dos Deuses, essas palavras de poder se transformam em palavras formosas que saúdam essas presenças sagradas e esse único idioma, amigos - a oração - formado por palavras de poder e palavras formosas unifica os opostos e expande a consciência suprema para que a lembrança de quem somos permaneça acesa e nos lembre dos perigos das armadilhas de esquecimento da matéria.
Frank Oliveira
Kaká Werá Jecupé é índio de origem tapuia, escritor e ambientalista. Segundo ele, há uma profecia Tupi segundo a qual quando o espaço abraçar o circulo do novo tempo, Tupã renascerá no coração dos estrangeiros e os ensinamentos sagrados serão revelados. Esse conhecimento é chamado de " palavras formosas" que oferecem mais do que a narrativa do Universo de maneira poética; elas podem, como dizem os antigos, abrir caminho para quem deseja tornar-se Pajé, ou seja, aquele que conversa com os ventos, o fogo, a terra, as águas. Mas, se elas servirem pelo menos para o homem buscar não somente a consciência do cérebro, mas também a do coração, a tarefa dos últimos Werás, mensageiros de Tupã Tenondé, não terá sido em vão.