YES, NÓS TEMOS BANANA. MAS NÃO SOMOS TODOS MACACOS.
O início da Copa do Mundo de Futebol está cada vez mais perto. Os estádios, agora chamados Arenas, estão quase prontos e na maioria deles falta uma coisinha aqui outra ali.
Nem falo do trânsito, que agora se chama mobilidade urbana, que é caótico nas grandes cidades de segunda a sexta feira, infernal no sábado e diabólico nos “domingos de futebol”.
Mas nada vai dar certo; ou seja, será como sempre foi e como é de costume. Detesto a frase: “quero ver na Copa?”. Nosso estilo cachorro vira lata, nessas grandes festas, toma conta do inconsciente coletivo. “Legado” já não se fala mais; levou um cartão vermelho e saiu de campo e entrou o “racismo”.
A mais bestial escravidão de negros africanos foi a que os portugueses praticaram por séculos no Brasil. Os portugueses foram imbatíveis em castigos brutais, físicos, morais, culturais, além da compra e venda e da corrupção nesse negócio. Chefes tribais vendiam seus prisioneiros aos portugueses. Deixo a escravidão negra do sul dos Estados Unidos de lado, porque as causas e as razões deles eram completamente diferentes.
Nós, os brasileiros, gostamos de pensar e dizer que não somos racistas; se há alguma coisa contra os negros é um leve preconceito de cor. Mentira! Somos racistas e preconceituosos – brancos, negros e índios - desde os tempos em que fomos achados pelos portugueses. Os índios que Pero Vaz de Caminha descreve na carta que mandou ao rei Dom Manuel, eram, digamos ingênuos e deslumbrados. Depois eles descobriram tribos ferozes, guerreiras, preconceituosas e até antropófagas, como os Caetés que comeram o primeiro Bispo do Brasil Dom Pero Fernandes Sardinha e mais outros 100 sobrevivente do navio naufragado na costa de Alagoas.
Somos tão preconceituosos e racistas como é a humanidade. Mas temos nossos truques: negros se acham mulatos; brancos chamam negros de pretos ou, o que é pior: “de cor”. E também achamos que alguns negros são tão bons que tem a alma branca. Nossa hipocrisia é escondida debaixo do tapete racista.
Na América do Sul somos o país que manteve a escravidão como um negócio “tipo importação”. Pouquíssimos países sul americanos escravizaram os negros. Nos países andinos, a população foi escravizada, roubada e assassinada por espanhóis. Os argentinos, que dizem ser italianos, falando espanhol e achando-se ingleses. Maldade: são apenas os buenairenses, os ingleses vendiam escravos negros que eram mandados para a Guerra do Paraguai. Além disso, os espanhóis não eram chegados numa negra como eram os portugueses; daí a miscigenação insignificante. O Uruguai é um pedaço do Rio Grande. Não tivesse sido uma colônia portuguesa encravada em território guarani, seria todo nosso; dos gaúchos da província de São Pedro, e talvez uma país vizinho do Brasil.
Mesmo assim, nos países andinos, com população quase 100% indígena, sem negros, sem miscigenação com africanos, nos estádios de futebol gritam e fazem gestos de macacos quando a bola está com um jogador negro.
Daniel Alves quando come uma banana que um imbecil lhe joga na cobrança de um escanteio, está dizendo: “sim sou macaco. Obrigado pela banana. Estava com fone.” É a afirmação de nosso jeito vira lata de ser. Deveria ter mandado o bandeirinha tirar a banana do seu caminho em direção ao escanteio. Não sei no que daria esse gesto, como também não sei o que o bandeirinha, cobrindo a boca com a mão esquerda, disse para Daniel Alves.
Não há porque indignar-se por ser chamado de negro ou de macaco. No Brasil do século XXI com mais de 200 milhões de habitantes, exceto os europeus naturalizados, não há um só brasileiro que não tenha, pelo menos um cromossomo, entre os 46 que um homem e uma mulher precisam juntar para fazerem outro ser humano, que não seja de negro ou de índio. Somos todos, índios, negros, brancos, caboclos, cafuzos e mamelucos com “cores diferentes”. Não somos macacos.
As tais redes sociais me lembram de um provérbio português que diz “aonde a vaca vai, o boi vai atrás”. Novos tempos, velhos hábitos. A quantidade de idiotas, famosos e anônimos, comendo ou mostrando banana na internet não é solidariedade nem indignação e não muda nada. É um bom momento de aparecer. Só isso. Minha preocupação é que, com esses borbotões de gente comendo banana, suba o preço da fruta devido a forte demanda.
Neymar, além de jogar futebol, é também conteúdo de mídia. Vale outros tantos milhões, além do que já vale com a bola nos pés. A Campanha “#somostodosmacacos” é ideia de uma Agência de Propaganda. A foto dele com uma banana e o filho branco, já estava pronta, fato que agora todo mundo já sabe. A atitude espontânea do Daniel Alves, apenas antecipou a veiculação. Criou o “timing perfeito”, como disse o criador da campanha.
O lateral brasileiro, porém, não gosta da tal campanha marquetífera #somostodosmacacos. Não porque ele seja “criacionista”; que acredita que todo o universo foi criado do nada por um único e verdadeiro Deus – que é o Deus deles. Daniel Alves também não é “evolucionista”, que prefere a lógica da ciência e a teoria criada por Charles Darwin que afirma que todos os seres vivos veem de uma mesma matriz genética: galinha nasce de galinha, hipopótamos de hipopótamos, formiga de formiga, macaco de macaco e o homem, o ser humano de um ser humano.
A igreja Católica Apostólica Romana ficou indignada e tratou de espalhar entre seus fiéis que “Darwin disse que o homem evoluiu do macaco” e, portanto não foi criado por Deus. Mentira, mais uma, da Igreja. Darwin referia-se a evolução natural das espécies – porque nesse planeta nada permanece igual para sempre. Comparem a mulher de um hominídeo de 2 milhões de anos com a Iris Valverde, por exemplo.Dá pra notar!
O que mais me importa é que Daniel Alves não gosta da campanhazinha idiota do Neymar conteúdo de mídia. “A gente é a evolução disso, somos humanos e todos iguais. Acho que é isso que devemos defender”, ele disse. Não, não somos todos iguais, Daniel.
A Copa está chegando e nada vai dar certo. Já estamos acostumados; vivemos assim. Mas as seleções estrangeiras estão preocupadas com as notícias sobre o Brasil que eles leem em seus jornais. E nós admirados dizemos: “quero ver na Copa!”
O que é publicado na imprensa estrangeira é produzido aqui mesmo. São os correspondentes que moram aqui; alguns deles há muitos anos e casados com brasileiras. E como dizia um velho jornalista: “notícia é quando um homem morde um cachorro. O contrário não é notícia. É normal.” Os correspondentes vivem aqui e sabem muito bem o que estão escrevendo para seus jornais e revistas.
Para europeus e norte americanos, o Brasil é um país exótico. Daí a preocupação das delegações e das seleções de futebol. Seus jogadores valem milhões de euros. Segundo a ESPN, a Seleção da Coréia do Sul vale 46,1 milhões de euros, ou seja: 104,6 milhões de reais. A seleção japonesa vale 105,8 milhões de euros; 240,1 milhões de reais. A Bósnia e Herzegovina vale 121 milhões de euros; 274,7 milhões de reais. A seleção holandesa vale 161,6 milhões de euros: 366,8 milhões de reais. Quantas empresas brasileiras valem, por exemplo, uma seleção uruguaia – 185,2 milhões de euros; 420,3 milhões de reais?
Vou destacar mais algumas. Inglaterra: 312 milhões de euros; 702,2 milhões de reais. As seleções italiana e belga tem quase o mesmo valor. As seleções argentina e espanhola andam em torno de 500 milhões de euros (pouco mais de 1 bilhão de reais).A nossa seleção vale exatos 508,7 milhões de euros – mais de 1 bilhão e 150 milhões de reais.
Com deslocamentos absurdos em distâncias continentais, mudanças de temperaturas rigorosas, (em junho, em Manaus pode fazer 40º. Em Porto Alegre, 0º graus) hotéis, campos de treinamentos e outros detalhes são as preocupações dos dirigentes das seleções. Imaginam uma sucuri – que eles chamam de anaconda - no quarto de um hotel em Manaus, entre outras “possibilidades” como mosquitos gigantes com picaduras dolorosas. Há sim que preocupar-se com pés milionários.
O que está em jogo não é apenas um singelo troféu, mas os resultados econômicos e financeiros que ele significa ao vencedor, para os jogadores e comissão técnica, patrocinadores e para os “donos” dos clubes. E claro que o vencedor faz festa, vibra, chora de alegria numa exaltação ao melhor, ao campeão. Mas são profissionais; ganhou, ganhou! Perder faz parte do jogo. Amanhã tem mais.
Os torcedores não. Esses sofrem com a derrota e muitos se sentem humilhados; feridos em seu “brio patriótico”. Antigos ódios renascem novos surgem; diferenças étnicas, religiosas, culturais. O eurocentrismo colonial e outras divergências que diferenciam os seres humanos ocupam seus lugares nas arquibancadas.
E entre eles estão pessoas das mais diversas classes socioeconômicas; na Alemanha um jardineiro ganha, em média 1.675 euros por mês. Com esse salário ele chega ao Brasil com mais de R$ 5.000,oo hoje.No Brasil, um professor universitário em início de carreira ganha R$ 1.700,oo. Um operário europeu chega ao Brasil com muito dinheiro para passar aqui alguns dias. Entre ele os arruaceiros, que os ingleses chamam de hooligans, numa tradução literal. São tão ou mais ferozes que algumas de nossas “torcidas organizadas”, uma excrescência enfiada em todos os clubes de futebol do planeta.
Há quem diga - não sei de onde tiram certas bobagens - que os arruaceiros deles se juntarão aos nossos, como amiguinhos desde criança; os black blocs brasilinos e os hooligans europeus. Nesse caso teremos uma verdadeira integração entre os povos; coisa que, dizem, só o futebol consegue.
Nós já sabemos quem são nossos Black blocs; são uns poucos militantes apoiados por um partido político, um ajuntamento chamado PSTU, que durante as já aborrecíveis passeatas de protesto contra qualquer coisa, defendem o uso da violência.O que não tem dado certo só porque a polícia é mais rápida e mais violenta que eles. Os arruaceiros europeus, sobre tudo os ingleses, os hooligans, estão sendo desmoralizados. O jornal inglês The Sun, um tabloide, um formato raro entre nós com algumas exceções (Zero Hora, em Porto Alegre, “herdeira” da Última Hora que não existe mais, assim como a Folha da Manhã, a Folha Esportiva e a Folha da Tarde, todas irmãs do Correio do Povo dos anos que trabalhei lá) publicou uma notícia em destaque bem ao seu estilo escandaloso, que o brutamontes Burly Allen,torcedor de um time da quarta divisão inglesa e um furioso e famoso hooligan, vai mudar de sexo. Não vejo nada de mais em alguém mudar de sexo ou apenas ser homossexual, já que isso é uma das condições sexuais humanas, e nem mudar de sexo já que a medicina tem hoje condição para fazer essa modificação em quem assim desejar. Mas não entendo como Vulpino Argento, o Demente, suplente de senador pode ser LGBT ao mesmo tempo; tudo junto incluído.
Chama-me atenção, porém tratar-se de um hooligan; um indivíduo que tem um comportamento social que difere visivelmente do de um homossexual. Conheço diversos homossexuais e alguns deles, são meus amigos há 50 anos. São gentis, educados, inteligentes, cultos, amigos, sinceros, (viadagem ou bichice já é outra coisa) entre outras civilizadas qualidades. Oposto ao hooligan que disse ao The Sun que ano passado concluiu que seu estilo de vida estava, de certa forma, (de certa forma?) errado. “ Eu costumava bater em pessoas. Eu ia aos jogos do Exeter e do English Team para brigar. Bater em suecos era muito divertido. Mas, na verdade, eu lutava contra algo que eu queria ser. Eu tentava me conformar em ser um homem e vivia uma vida infeliz”.
Burly Allen, um ex hooligan, e certamente com outro nome, agora assiste jogos de futebol comportado como uma Lady inglesa com um ridículo chapeuzinho de festa a adornar-lhe a cabeça. Quero ver na Copa?
Se o campeão for a seleção que jogar melhor do que todas as outras, será a Alemanha. Mas se a decisão for no tapetão voador do Blater (com o Dilmão e o Lula de convidados, como “recompensa”), ganha o Brasil. E todos cantaremos, como em 1970, a mando do General Médici, o ditador militar de plantão: “Esse é um país que vai pra frente.ou,ou,ou,ou,ou.” Ou então, “Yes, nós temos banana!” como cantava a luso brasileira Carmem Miranda.