Escutei, involuntariamente, conversa de duas mulheres jovens lamentando a notória falta de elemento masculino disponível e com um mínimo de credibilidade, que reuna alguma atração física e uma dose generosa de romantismo. Conjeturei, aparentando total alheamento, que o tal quesito “credibilidade” poderia ter implícita a capacidade econômica, porque amor e uma cabana só mesmo numa ilha deserta. Aumentei mentalmente o ganho auditivo para pegar a parte sussurrada: “Não ter namorado”, disse uma, “só tem uma vantagem: Não preciso de me depilar!”. A outra moça abriu um sorriso maroto e logo a seguir mudaram o rumo da conversa para motes menos intimistas. Antes de desligar-me da vida alheia, pensei naquilo. E nas fotos de nú frontal de revistas masculinas americanas dos anos cinquenta que, por lei, deveriam ter meticulosamente retocados os púbicos das beldades. Isso me frustrava e afetava a ebolição dos meus jovens hormônios, por não detectarem toda a carga erótica contida no irresistívelmente adulto detalhe ali implantado pela mãe Natureza. “Implumes são as crianças!”, queixava-me eu, contrariado! Enfim, vai ver que os homens do terceiro milênio vieram dotados de vocação pedofílica!…