Registro de Nascimento
Há um poucos dias, uma reportagem na TV mostrava a situação de muitas pessoas já adultas, na região Norte, sem o registro de nascimento. Exatamente o que o correu com este sertanejo do Vale do São Francisco, da região Nordeste.
Quem leu meu livro DO SERTÃO AO MAR, no capítulo “A Passagem por Petrolândia”, viu que somente após os 18 anos de idade, por necessidade de assumir um emprego público, esse documento essencial foi providenciado pelo próprio interessado. Isto mesmo, “eu me registrei”. Surpresa até para a tabeliã do Cartório, quando lá eu me apresentei,dizendo que queria me registrar.
_ Você não é aquele rapaz, Radiotelegrafista da Comissão do Vale do São Francisco?
_ Sim, mas não tenho documento. Por enquanto o meu emprego é provisório, agora preciso me efetivar.
As razões de até então não ter aquele documento foram transferidas para as instituições que me aceitaram até aquela data, sem o registro de nascimento. Levado pela urgência, não fui à sede do meu município de origem e ali me registrei como tendo nascido em Petrolândia, Pernambuco, e não em Glória, na Bahia. Eu mesmo mudei a minha própria naturalidade. Hoje, confesso que jamais faria isto. Sou baiano de fato e pernambucano de direito. Um homem de dupla naturalidade. Mas, pela minha trajetória, passando por quatro estados nordestinos, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, nesta há mais de quarenta anos, portanto mais da metade da minha vida, posso dizer também que sou alagoano. Apesar do que a mídia fala desta terra, apontado mais o seu lado negativo, eu fico com o lado positivo e repito aqui a minha sagrada estrofe:
Foi na década de setenta
Que cheguei a Alagoas
E se aqui eu fiquei
Não foi por motivo à toa
Dos lugares que eu passei
Nunca vi terra tão boa