A namorada do ex-marido
Eu já sabia sobre ela, não que eu tivesse interesse em saber das aventuras amorosas do meu ex-marido, afinal, depois de uma tentativa de reconciliação frustrada, tudo que me restava era respirar, exercitar o desapego e me conformar.
Verdade seja dita, a última coisa que mulher pensa quando se separa é começar outro relacionamento. Já o homem, definitivamente, não fica sozinho e a necessidade de ter alguém ao lado, na maioria das vezes, é maior que o bom senso, o que me deixava extremamente feliz, pois a falta de bom senso significava que ele não tinha nenhum critério para a escolha de uma nova parceira, e com isso, qualquer criatura que ele arrumasse, nesta condição, não seria tão boa quanto eu.
Descobri sobre a existência dela, porque tem sempre alguém que faz questão de nos manter informadas sobre todos os detalhes da vida alheia, principalmente se a vida em questão é de alguém que dividiu a cama com você por um período considerável. Aliás, as pessoas fazem isso por dois motivos, nos preparar para um possível encontro ou ver a nossa cara de “eu mato aquele cretino”!
Quando uma informação chega assim, facinho, facinho, não tenham dúvidas, a gente acaba sucumbindo e eu, como sou de carne e osso, comecei a sabatina.
Descobri coisinhas interessantes sobre a criatura, claro que mais interessantes para ele do que para mim, porque talvez, somente talvez, ele tenha tido algum critério desta vez. Então, eu respirei e exercitei o desapego.
Como imaginação nunca falta para uma mulher, principalmente separada, uma das primeiras coisas que passou pela minha cabeça com a tal sabatina, foi o fato dos lençóis, que eu comprei para a cama da casa de praia dele, estarem sendo usados de maneira que eu nunca tinha usado antes. Não que nós não nos déssemos bem nesse quesito, mas aqueles lençóis, por direito, eram meus.
Agora, complicado mesmo, é receber uma ligação da ex-sogra querendo provocar a discórdia e destilar um pouquinho de veneno, enaltecendo os atributos da criatura da vez, deixando bem claro que eu não passava do pretérito imperfeito na vida do “menino” dela. Então, eu respirei!